Eis como Jerome Bruner, em «Cultura da Educação» (2000), descreve estas
duas visões sobre a mente humana, e o seu conflito:
Algumas “mudanças fundamentais” conduziram a “duas
concepções divergentes acerca do modo com o funciona a mente” humana, a “visão computacionalista” (p. 17) e o “culturalismo” (p. 19)
“O objectivo do computacionalismo
é estabelecer uma redescrição de todo e qualquer sistema de funcionamento que
gere o fluxo de informação correcta. Tal sistema é a mente humana. Mas o
computacionalismo sério não defende
que a mente seja semelhante a um particular «computador» que necessita de ser
«programado» de uma certa forma em ordem a operar sistematicamente ou «com
eficácia». O que ele defende é antes que todo e qualquer sistema que processa
informação tem de ser governado por «regras» específicas ou procedimentos que
determinem o que fazer com os dados recebidos.” (p. 22)
Este esforço é interessante pela luz que projecta “na linha
divisória entre a produção de significação e o processamento de informação.” É
a “prefixação de categorias que impõe o limite mais severo ao computacionalismo
enquanto meio no qual se há-de enquadrar um modelo de mente.” Se se reconhecer
“tal limitação, a alegada luta de morte entre culturalismo e computacionalismo
desvanece-se.” (p. 23)
A “produção de significação” do culturalismo
é, “ao contrário do processamento de informação do computacionalismo”,
“interpretativa, carregada de ambiguidade, sensível à ocasião e,
frequentemente, em harmonia com a circunstância. Os seus «mal formados
procedimentos» assemelham-se mais a «máximas» do que a regras totalmente
especificáveis. Mas dificilmente são desprovidos de princípios.” (p. 23)
“Não há modo de decisão conhecido que possa resolver a
questão de ser algum dia possível ultrapassar a incomensurabilidade entre a
produção de significação do culturalismo e o processamento computacional de
informação.” (pp. 24-25) mas, quanto a isto “ambos têm uma afinidade que é
difícil ignorar. É que, uma vez estabelecidas as significações, é a sua
formalização num sistema de categorias bem formado que pode ser tratado
mediante as regras computacionais.” (p. 25)
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