Segundo Jerome Bruner, em «Cultura da Educação» (2000; p.
81), há quatro “modelos dominantes” sobre o modo como as crianças aprendem:
“As crianças enquanto aprendizes por imitação: a aquisição
do «saber-fazer» (p. 81).
“Do ponto de vista da imitação, a competência apenas se
atinge através da prática.” “O conhecimento «desenvolve-se como um hábito» e
não se prende nem a teorias nem a negociações ou discussão.” (p 82)
“As crianças que aprendem a partir de uma exposição
didáctica. A aquisição de conhecimento proposicional.” (p. 83)
“O objecto de aprendizagem para o aluno é concebido como
estando «na» mente dos professores, tanto como nos livros, nos mapas, na arte,
na base de dados, seja onde for.” (pp. 83-84) “Neste cenário didáctico, já não
se concebe as habilidades enquanto saber como fazer com destreza alguma coisa, mas antes enquanto habilidades
para adquirir um novo conhecimento, com o auxílio de certas «habilidades
mentais», tais como, verbal, espacial, numérica, interpessoal, ou qualquer
outra.” (p. 84) “Esta visão pressupõe que a mente do aluno é uma tabula rasa, um quadro preto apagado. O
conhecimento depositado na mente diz-se cumulativo, sendo o conhecimento
ulterior edificado sobre o conhecimento anteriormente existente. Mais
importante é o pressuposto desta visão segundo a qual a mente infantil é
passiva, qual receptáculo apto a ser preenchido.” (pp. 84-85) “A perspectiva
didacticista vê a criança de fora, de um ponto de vista próprio de terceira
pessoa, em vez de tentar «entrar nos seus pensamentos». É nitidamente de via
única: o ensino não é um diálogo mútuo, mas um ditado de um para outrem.”
Quando ocorre, o “insucesso pode ser explicado pela falta de «habilidades
mentais» ou pelo baixo QI: e o sistema educativo sai livre de censura.” (p. 85)
“As crianças enquanto pensadores. O desenvolvimento do
intercâmbio intersubjectivo.”
“O professor (…) preocupa-se em perceber o que a criança
pensa e como chega àquilo em que acredita” “Exercer a pedagogia é ajudar a
criança a entender melhor, mais consistentemente, menos unilateralmente.” (p.
85) “A criança não é puramente
ignorante nem um recipiente vazio, é antes alguém capaz de raciocinar, de
encontrar sentido, tanto por si mesma como através da discussão com os outros.”
(pp. 85-86) “Não menos que o adulto, a criança é pensada como detendo «teorias»
mais ou menos coerentes, não só acerca do mundo, mas também acerca da sua
própria mente e da forma como funciona.” “O conhecimento é aquilo que se
partilha num quadro de discurso dentro de uma comunidade «textual». As verdades
são o produto da prova, do argumento e da construção, mais do que da
autoridade, textual ou pedagógica.” Já Dewey procurava “encontrar nas intuições
da criança as raízes do conhecimento sistemático” (p. 86)
“As crianças enquanto detentoras de conhecimento: A gestão
do conhecimento «objectivo»”. (p. 90)
O “ensino deveria auxiliar as crianças a captar a distinção
entre o conhecimento pessoal, por um lado, e «aquilo que é tido por conhecido»
pela cultura, por outro. Porém, elas não devem só captar esta distinção, mas
também entender a base que a sustenta, por assim dizer, na história do
conhecimento.” (p. 91)
Sem comentários:
Enviar um comentário