O Azulejo não teve origem em
Portugal, embora aqui tenha tido um interessante desenvolvimento.
Há azulejos perto da maioria das
escolas. Compreender porque eles possuem certos motivos (figuras; padrões), porque
foram e são usados, como foram e são feitos – eis desafios interessantes para
diversas disciplinas: as Artes, a História e, nalguns casos (sobretudo nos azulejos que
possuem um padrão), a Matemática.
Para estudar os possíveis «padrões»
que a repetição de um determinado Azulejo produz numa parede a Matemática procura
verificar se nela existem transformações geométricas.
Duas das perguntas que devem
então ser feitas são:
Existe na parede deste azulejo uma simetria
em relação a um eixo?
Um exemplo em que existem duas famílias
de eixos de simetria, verticais:
Existe na parede deste azulejo um centro de
rotação?
Neste exemplo existem quatro famílas de centros de rotação, de 180º:
(estas duas imagens figuram num «pdf» da autoria de Ana Almeida;
pp. 3 e 27)
Há, no entanto, mais algumas perguntas a fazer e mais alguns
casos a considerar.
Eis como o
artista Eduardo Néry descreveu o «azulejo de padrão»:
“No azulejo, o conceito de padrão encontra-se intimamente
ligado ao da repetição de um motivo gráfico ou pictórico, organizado segundo
eixos de simetria ou de outros esquemas estruturantes, quase sempre de raiz
geométrica, mesmo quando os motivos ornamentais se inspiram na natureza.
Os
padrões em azulejo têm por base a forma quadrada dos seus módulos e uma malha
geométrica, que é a retícula quadrangular formada pelas juntas de um painel.
Daí que seja desejável que os criadores de padrões destinados a azulejo se
apoiem preferentemente na geometria do quadrado, ou seja, nas diagonais, nas
medianas, no centro, nos seus quatro vértices e, de um modo geral, numa
subdivisão interna baseada nestes elementos, quer se trate de padrões
estruturados com base num só azulejo, ou em mais.
Contudo,
existem verdadeiros padrões nos quais a geometria do quadrado parece ter sido
metida entre parêntesis, ou mesmo ignorada. Porém, se a malha quadrangular
modular também for ignorada, então encontramo-nos no domínio a pintura
artística sobe azulejo.
Normalmente,
espera-se que cada padrão se mantenha assim até ao infinito. Alguns padrões
poderão admitir pequenas variações de forma ou de cor sem se descaracterizarem,
mas em regra geral as alterações na sua forma ou na sua cor originam novos
padrões, como variantes dos anteriores. Configurações mais complexas, a busca
da variedade, em lugar da repetição, ultrapassam os limites estritos do padrão
e da sua coerência interna, dando lugar ao conceito de composição, significando
um grau mais elaborado de um espaço decorado.
Por
outro lado, quando o padrão é fortemente reduzido, a ponto de não se perceberem
os motivos formadores (apresentando-se como uma superfície relativamente
indiferenciada), sem pontos privilegiados de atenção, entramos no domínio das
texturas. Aliás, quando apreciamos um padrão de azulejo a grande distância, por
exemplo, numa fachada, ele dá lugar a uma textura, a menos que os motivos sejam
muito grandes, como em certas superfícies exteriores com duas cores em xadrez.,
ou seja, organizadas com base no padrão mais elementar em azulejo.
Consequentemente, o efeito de escala visual é indissociável deste binómio
padrão / textura, aspecto particularmente importante para aqueles que são
chamados a projectar padrões de azulejo para a arquitectura, exterior ou
interior.
Outro
aspecto ligado ao conceito de padrão de repetição regular, é o ser
relativamente compacto, sendo raros os casos em que o afastamento dos motivos
constitutivos, com o correspondente afrouxamento das ligações visuais entre
eles, não «empurre» estas superfícies para as texturas ou para a pintura sobre
cerâmica.
Outro
aspecto característico nos padrões é o facto de se encontrarem intimamente
ligados à percepção de superfícies bidimensionais na arquitectura, que o
azulejo poderá caracterizar de forma muito vinculativa, nomeadamente ao nível
de ritmos formais e cromáticos.”
(citado em Saporiti, 1998; pp. 199 e 201)
(citado em Saporiti, 1998; pp. 199 e 201)
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