domingo, 11 de dezembro de 2016

[0006] Jerome Bruner: a educação como parte de uma cultura

Para Jerome Bruner, a educação faz parte da dinâmica cultural, tal como se depreende do seu «Cultura da Educação» (2000):

A “educação é a mais importante concretização do estilo de vida de uma cultura, e não apenas uma preparação para ele.” (p. 32)

A educação é uma complexa procura no sentido de ajustar uma cultura às necessidades dos seus membros e de ajustar os seus membros e seus modos de conhecer às necessidades da cultura.” (p. 70)


Algumas implicações desta ideia:

“O culturalismo toma como primeira premissa a afirmação de que a educação não é uma ilha, mas parte do continente da cultura. Inquire, em primeiro lugar, que função desempenha na cultura a «educação» e que papel lhe compete na vida dos que se movem no seu quadro. A próxima questão seria porque é que a educação se situa na cultura da forma como o faz, e de que modo esta situação reflecte a distribuição do poder, do estatuto e outras vantagens.” (p. 29)

“As pedagogias culturais (…) reflectem uma variedade de convicções acerca das crianças: estas podem ser vistas como teimosas e carecendo de correcção; como inocentes e precisando de ser protegidas da sociedade vulgar; como carentes de capacidades passíveis de desenvolvimento apenas através da prática; como recipientes vazios, destinados a ser preenchidos com o conhecimento que só os adultos podem fornecer; como egocêntricas, com necessidade de socialização. Convicções culturais deste género, expressas por leigos ou por «peritos», têm de ser severamente «desconstruídas» para se lhes avaliar as implicações. É que, sejam correctas ou não, o impacte que estas maneiras de ver provocam sobre as actividades docentes pode ser enorme.” (pp. 76-77)

“Em termos ousados, a tese emergente é que as práticas educativas escolares se baseiam num conjunto de crenças populares acerca da mente infantil, algumas das quais podem ter funcionado advertidamente a favor ou inconscientemente contra o próprio bem-estar da criança. Elas devem ser explicitadas e reexaminadas. Diversas abordagens ao ensino e diversas formas de instrução – desde a imitação até à instrução, à descoberta, à colaboração – reflectem assunções e crenças diversas acerca do aluno - desde o actor até ao conhecedor, ao experimentador privado, ao pensador colaborante.” (p. 78)

“Há coisas que cada indivíduo sabe (mais do que ele próprio julga); mais ainda conhece o grupo ou é passível de ser descoberto por meio da discussão em grupo; e muito mais ainda se encontra armazenado algures – na «cultura», isto é, nas cabeças das pessoas mais sabedoras, nos directórios, nos livros, nos mapas, e por aí adiante.” (pp. 80-81)


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