Para Jerome Bruner, a educação faz parte da dinâmica cultural,
tal como se depreende do seu «Cultura da
Educação» (2000):
A “educação é a mais importante
concretização do estilo de vida de uma cultura, e não apenas uma preparação
para ele.” (p. 32)
“A educação é uma complexa
procura no sentido de ajustar uma cultura às necessidades dos seus membros e de
ajustar os seus membros e seus modos de conhecer às necessidades da cultura.”
(p. 70)
Algumas implicações desta ideia:
“O culturalismo toma como primeira premissa a afirmação de
que a educação não é uma ilha, mas parte do continente da cultura. Inquire, em
primeiro lugar, que função desempenha na cultura a «educação» e que papel lhe
compete na vida dos que se movem no seu quadro. A próxima questão seria porque
é que a educação se situa na cultura da forma como o faz, e de que modo esta
situação reflecte a distribuição do poder, do estatuto e outras vantagens.” (p.
29)
“As pedagogias culturais (…) reflectem uma variedade de
convicções acerca das crianças: estas podem ser vistas como teimosas e
carecendo de correcção; como inocentes e precisando de ser protegidas da
sociedade vulgar; como carentes de capacidades passíveis de desenvolvimento
apenas através da prática; como recipientes vazios, destinados a ser
preenchidos com o conhecimento que só os adultos podem fornecer; como
egocêntricas, com necessidade de socialização. Convicções culturais deste
género, expressas por leigos ou por «peritos», têm de ser severamente «desconstruídas»
para se lhes avaliar as implicações. É que, sejam correctas ou não, o impacte
que estas maneiras de ver provocam sobre as actividades docentes pode ser
enorme.” (pp. 76-77)
“Em termos ousados, a tese emergente é que as práticas
educativas escolares se baseiam num conjunto de crenças populares acerca da
mente infantil, algumas das quais podem ter funcionado advertidamente a favor
ou inconscientemente contra o próprio bem-estar da criança. Elas devem ser
explicitadas e reexaminadas. Diversas abordagens ao ensino e diversas formas de
instrução – desde a imitação até à instrução, à descoberta, à colaboração –
reflectem assunções e crenças diversas acerca do aluno - desde o actor até ao
conhecedor, ao experimentador privado, ao pensador colaborante.” (p. 78)
“Há coisas que cada indivíduo sabe (mais do que ele próprio
julga); mais ainda conhece o grupo ou é passível de ser descoberto por meio da
discussão em grupo; e muito mais ainda se encontra armazenado algures – na
«cultura», isto é, nas cabeças das pessoas mais sabedoras, nos directórios, nos
livros, nos mapas, e por aí adiante.” (pp. 80-81)
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