Na mensagem «0080» foram genericamente apresentados os dezassete Objectivos de Desenvolvimento Sustentável que as Nações Unidas propuseram a todos os governos e cidadãos cumprir
entre 2015 e 2030.
Já foram abordados neste
blogue os seis primeiros objectivos, sendo o 7º:
Ele é assim apresentado em
Objetivo 7: Energias Renováveis e Acessíveis
“Até 2030, assegurar o acesso universal, de confiança,
moderno e a preços acessíveis a serviços de energia.
Até 2030, aumentar substancialmente a participação de
energias renováveis na matriz energética global.
Até 2030, duplicar a taxa global de melhoria da eficiência
energética.
Até 2030, reforçar a cooperação internacional para
facilitar o acesso à investigação e tecnologias de energia limpa, incluindo
energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis
fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de
energia e em tecnologias de energia limpa.
Até 2030, expandir a infraestrutura e modernizar a
tecnologia para o fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis para
todos nos países em desenvolvimento, particularmente nos países menos
desenvolvidos, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países
em desenvolvimento sem litoral, de acordo com seus respetivos programas de
apoio.”
As diversas fontes de energia historicamente exploradas
remetem sempre para uma única origem: a energia proporcionada pelo Sol ou por outras estrelas.
Ela pode ter sido incorporada nos minerais, nas plantas e nos animais, ser
fóssil ou ser muscular, resultar do movimento dos ventos ou das águas, precisar
de ser mais ou menos transformada, mas a sua origem situa-se sempre para além
do planeta Terra.
Actualmente, o
recurso às energias fósseis ainda corresponde a mais de 80 % do
consumo mundial de energia. Quer isso dizer que estamos fortemente dependentes
da energia solar fossilizada a qual, obviamente, tem limites (o dos organismos
vivos que a captaram e o do tempo que eles viveram).
Para obter essa energia fóssil também
é preciso gastar energia, e estamos a precisar de gastar cada vez mais: há um
século, era necessário, em média, um barril de petróleo para extrair cem barris
de petróleo; hoje, em certas zonas de perfuração, um só barril apenas permite
extrair trinta e cinco (a taxa de retorno energética diminui drasticamente).
Por outro lado, precisamos cada
vez mais de energia. Até a economia digital contribui para essa necessidade: a
nível mundial, hoje, ela representa mais de 4 % do consumo de energia primária,
aumentando 9 % por ano, sobretudo para o fabrico dos terminais e das infra-estruturas
das redes digitais, mas também para o funcionamento dos equipamentos, da rede e
dos servidores dos centros de dados (estes representam 19 % da pegada total do
digital).
Em 1964, o astrónomo russo Nicolai Kardashev propôs uma
classificação para as possíveis civilizações existentes no Universo. A base
dessa classificação foi o seu consumo de energia:
·
as civilizações do Tipo I utilizam toda a
energia da luz emitida pela estrela que ilumina o seu planeta;
·
as civilizações do Tipo II utilizam toda a
energia solar produzida pela sua estrela;
·
e as civilização do Tipo III utilizam toda a
energia de uma galáxia.
Perguntou o físico Michio Kaku: quanto tempo será necessário para
passar de um destes tipos de civilização para o seguinte? Os seus cálculos
foram os seguintes:
·
tendo em conta a quantidade de luz solar que
ilumina um metro quadrado da Terra e multiplicando-o pela área terrestre que é
iluminada pelo Sol, conclui-se que uma civilização do Tipo I na Terra utilizará
7 x 1017 watts, ou seja, mil vezes mais energia do que actualmente
utilizamos; somos então uma civilização do Tipo 0,7;
·
extrapolando para toda a energia produzida pelo
Sol, que se dispersa em todas as direcções que dele saem, uma civilização do
Tipo II utilizará 4 x 1026 watts;
·
e conhecendo aproximadamente o número de
estrelas da Via Láctea, uma civilização do Tipo III utilizará 4 x 1037
watts;
·
se o actual consumo de energia na Terra está a
crescer entre 2 e 3 % por ano, precisaremos de 1 a 2 séculos para sermos uma
civilização do Tipo I e uns milhares de anos para sermos uma civilização do
Tipo II; mais difícil é o cálculo seguinte, devido ao problema constituído
pelas viagens interestelares, mas há cálculos que apontam para precisarmos de
pelo menos 100 mil anos, no máximo 1 milhão de anos, para sermos uma
civilização do Tipo III.
Que dirão as Nações Unidas acerca destas perspectivas?
Ou ir-se-ão desunir por causa delas?
Os seis primeiros Objectivos do Desenvolvimento Sustentável
foram apresentados neste blogue nas mensagens «0154», «0196» e «0206» (erradicar a pobreza), «0157» (erradicar a fome), «0169» (saúde de qualidade), «0176» (educação de qualidade), «0178» (igualdade de género) e «0239» (água potável e saneamento).
Fontes:
artigo (em jornal) de Broca (2020); livros de Dartnell (2019; pp. 309-316) e de
Kaku (2018; pp. 322 e 332-333)