Conta-se que no século XVIII um aristocrata francês, preso na Bastilha, e isolado numa cela, inventou um quebra-cabeças para poder suportar a sua solidão.
A sua invenção precisou de bastante tempo para se popularizar, pois foi só nos
fins do século XIX, no tempo da rainha Vitória (e do outro lado do canal da
Mancha), que o novo puzzle se tornou
uma enorme atracção, com o nome Solitário.
O
aristocrata francês talvez resolvesse o seu quebra-cabeças num suporte simples (e
discreto), muito diferente daquele com que é actualmente comercializado: um
tabuleiro com furos, dispostos em linhas ortogonais, mais quase quatro dezenas
de peças, todas iguais, para colocar nos furos.
O desafio mais conhecido (e um dos mais difíceis) está representado a seguir: todos
os furos estão preenchidos com um berlinde, menos um; todos os berlindes devem
ser eliminados, excepto um; para eliminar um berlinde, um outro deve saltar
sobre ele, como no jogo nas Damas, mas apenas através de saltos na horizontal e
na vertical; o último berlinde a sobreviver à eliminação deve ter ficado no
furo central (precisamente o único que, na posição de partida, está vazio).
Ao lado
deste tabuleiro estão frutos de Eucalipto.
Além do belo aroma que exalam, eles são um exemplo de peças alternativas que
podem ser usadas para resolver este quebra-cabeças.
Também não é preciso um tabuleiro de vidro, ou de madeira, e muito menos de
plástico: basta uma folha de papel adequadamente quadriculada, eventualmente
protegida por uma capa transparente.
O tabuleiro
da imagem é o mais simples (por ter apenas 33 furos). Também existem tabuleiros
com mais quatro furos, que permitem um maior número de disposições iniciais de
peças.
O tabuleiro mostrado a seguir tem esses 37 furos e, em vez deles, assinala os
quadrados que lhes correspondem, cada qual com um número de um sistema de
coordenadas que serve para descrever os saltos das peças:
Alguns outros
desafios, mais acessíveis (em todos eles a peça sobrevivente deverá situar-se
na casa central):
Para os
interessados, na página Documentos deste
blogue está acessível a pasta Quebra-cabeças,
da Drop Box a ele associada, de onde é possível descarregar um ficheiro com as
regras e os tabuleiros deste puzzle,
além de mais alguns desafios.
Fontes: livros de Delft & Botermans (1997; pp. 170-174) e de Guzmán (1991; pp. 37-50)
Fotografia e desenhos: Pedro Esteves
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