Nos finais do século XVIII a coroa portuguesa, tal como outras coroas europeias, estava muito interessada em conhecer as potencialidades económicas das suas colónias e em reforçar o traçado das respectivas fronteiras (para melhor controlar tanto os de dentro como os de fora). Reinava então Dona Maria Iª, sucessora de D. José desde 1777.
Com o financiamento da coroa foram organizadas quatro
expedições que viriam a ficar conhecidas por Viagens Philosophicas.
A preparação contou com a colaboração
da Universidade de Coimbra, da Academia das Ciências de Lisboa e do Jardim Botânico da
Ajuda, cabendo a orientação científica ao italiano
Domenico
Vandelli (1735 - 1816), desde há alguns anos a trabalhar para a coroa
portuguesa: ele redigiu
vários guias para a recolha de espécimes naturais e escolheu quatro antigos alunos
seus para encabeçar as expedições: Alexandre
Rodrigues Ferreira, ao Brasil, Joaquim José da Silva a Angola, Manuel Galvão da Silva a Goa e a Moçambique e João da Silva
Feijó a Cabo
Verde.
Na Suécia, Carl Lineu (1707 - 1778), empenhado em incluir tudo quanto fosse conhecido sobre rochas, plantas e animais na sua classificação do Mundo Natural, comunicou a Vandelli estar interessado nos resultados das expedições que estavam a ser preparadas.
A expedição
de Alexandre Rodrigues
Ferreira (1756 - 1815) do Brasil durou uma
década, de
1783 a 1792. A equipa contou com dois desenhadores (então chamados «riscadores»),
José Codina e José Joaquim Freire, e com um botânico, Agostinho do Cabo:
Aguarela de José Joaquim Freire
Dispondo
de poucos recursos materiais, este grupo não se desgastou a cumprir tarefas ditadas
pela administração colonial (como aconteceu com as outras três expedições, razão
pela qual os seus trabalhos como naturalistas pouca expressão tiveram). Seguindo
pelo interior da Amazónia, até Mato
Grosso, a equipa foi avaliando as potencialidades das regiões que
atravessava e descrevendo a sua fauna e a flora, bem como as populações aí residentes, nomeadamente as
comunidades indígenas e os seus costumes:
O acervo
desta viagem, ainda mal estudado, encontra-se actualmente disperso por
Portugal, Brasil e França.
É possível apreciar um comentário sobre esta viagem, feito pelo museólogo Pedro Casaleiro, na segunda parte de um dos programas «Visita Guiada», filmado no Museu da Ciência, em Coimbra, e transmitido pela RTP2 no dia 17 de Abril de 2017:
Ver: https://www.rtp.pt/play/p3373/e284280/visita-guiada
No contexto desta viagem, é interessante recordar como o filósofo inglês Francis Bacon (1561 - 1626) previu, na exacta altura em que a Ciência Moderna estava a nascer, o impacto que ela viria a ter, ao afirmar: saber é poder.
Fontes: Wikipédia; intervenção de Pedro Casaleiro no documentário de Pinheiro (2017)
Há um interessante documento sobre esta viagem, produzido pela Academia das Ciências, em https://www.galeria-arf-acad-ciencias.pt/?fbclid=IwAR3P_9Cbu8yzcEWf2m5um91LZM_eLzfin07tqLrHIGAS12jDnwuaS4fj1FE
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