sábado, 17 de junho de 2017

[0049] A música e a harmonia social, segundo Confúcio

Neil MacGregor, director do Museu Britânico, destacou assim, em «Uma História do Mundo em 100 Objetos», a grande tendência que se verificou entre 500 e 300 a.C.:

em todo o mundo, diferentes civilizações desenvolviam modelos de governo da sociedade que iam influenciar os milhares de anos seguintes. Enquanto Sócrates ensinava o povo de Atenas a discordar, na China, Confúcio propunha a sua filosofia política da harmonia, e os persas descobriam um modo de coexistência de vários povos no seu vasto império. Na América Central, os olmecas criaram sofisticados calendários, religião e artes que iriam marcar mais de um milénio a civilização centro-americana. No Norte da Europa não havia vilas ou cidades, Estados ou impérios, nem escrita ou moeda, mas os seus objetos mostram que, apesar de tudo, essas civilizações tinham uma visão sofisticada delas próprias e do seu lugar no mundo global.


O 30º objecto que MacGregor descreveu, um sino chinês de bronze do século V a. C., provém dessa época. A China vivia uma grande instabilidade social, como consequência da luta entre os feudos que procuravam obter uma posição de supremacia. E para fazer face a essa instabilidade, debatia-se vivamente como a sociedade ideal deveria ser, e Confúcio destacava-se entre os que participavam desse debate. “Diz-se – escreve MacGregor – que um dos seus mais célebres pensamentos era: «A música produz uma espécie de prazer sem o qual a natureza humana não pode passar.»” A música era, pois, para Confúcio, uma metáfora de uma sociedade harmoniosa.


Este sino tem o tamanho de uma barrica de cerveja e não é circular, é elíptico. Possuir um sino com esta dimensão e decorações era um sinal de poder, mas também poderia revelar o que o seu proprietário pensava da sociedade e do cosmos.

Os mais antigos sinos chineses têm 5 mil anos. Inicialmente possuíam um badalo, mais tarde abandonado a favor do batimento com um martelo. Este sino deve ter pertencido a conjunto de nove ou de catorze sinos, cada um de seu tamanho e produzindo dois tons diferentes, de acordo com o local onde era batido.
Na Europa, só foi possível fundir um sino com estas dimensões no final da Idade Média, um milénio e meio depois da fundição deste sino chinês.

Fontes bibliográficas: MacGregor (2014; pp. 169 e 193-197)

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