Neil MacGregor, director do Museu Britânico, destacou assim,
em «Uma História do Mundo em 100 Objetos», a grande tendência que se verificou
entre 500 e 300 a.C.:
“em todo o
mundo, diferentes civilizações desenvolviam modelos de governo da sociedade que
iam influenciar os milhares de anos seguintes. Enquanto Sócrates ensinava o
povo de Atenas a discordar, na China, Confúcio propunha a sua filosofia
política da harmonia, e os persas descobriam um modo de coexistência de vários
povos no seu vasto império. Na América Central, os olmecas criaram sofisticados
calendários, religião e artes que iriam marcar mais de um milénio a civilização
centro-americana. No Norte da Europa não havia vilas ou cidades, Estados ou
impérios, nem escrita ou moeda, mas os seus objetos mostram que, apesar de
tudo, essas civilizações tinham uma visão sofisticada delas próprias e do seu
lugar no mundo global.”
O 30º objecto que MacGregor descreveu, um sino chinês de
bronze do século V a. C., provém
dessa época. A China vivia uma grande instabilidade social, como consequência
da luta entre os feudos que procuravam obter uma posição de supremacia. E para
fazer face a essa instabilidade, debatia-se vivamente como a sociedade ideal deveria
ser, e Confúcio
destacava-se entre os que participavam desse debate. “Diz-se
– escreve MacGregor – que um dos seus mais célebres
pensamentos era: «A música produz uma espécie de prazer sem o qual a natureza
humana não pode passar.»” A música era, pois, para Confúcio, uma
metáfora de uma sociedade harmoniosa.
Este sino tem o tamanho de uma barrica de cerveja e não é
circular, é elíptico. Possuir um sino com esta dimensão e decorações era um
sinal de poder, mas também poderia revelar o que o seu proprietário pensava da
sociedade e do cosmos.
Os mais antigos sinos chineses têm 5 mil anos. Inicialmente possuíam
um badalo, mais tarde abandonado a favor do batimento com um martelo. Este sino
deve ter pertencido a conjunto de nove ou de catorze sinos, cada um de seu
tamanho e produzindo dois tons diferentes, de acordo com o local onde era
batido.
Na Europa, só foi possível fundir um sino com estas
dimensões no final da Idade Média, um milénio e meio depois da fundição deste
sino chinês.
Fontes bibliográficas: MacGregor (2014; pp.
169 e 193-197)
Fonte da imagem:
www.britishmuseum.org/explore/a_history_of_the_world/objects
(em Janeiro de 2015)
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