O caminho que o azulejo tem feito em Portugal iniciou-se nos
finais do século XV. Nos mais de quinhentos anos que entretanto decorreram, sucederam-se
e coexistiram diversas escolhas quanto à sua tipologia (padrão; figuração; ornamentação),
às suas cores (múltiplas; azul e branco; única), às suas formas (além da quadrada,
também a triangular, a hexagonal, a semi-circular, a redonda, a estrelada) e à sua
superfície visível (plana; ou com um relevo mais ou menos acentuado).
Para obter uma descrição do estado desta arte, foram
inquiridos quarenta e nove portugueses e estrangeiros a ela ligados (investigadores,
arquitectos, artistas, designers, antiquários, gestores de património,
colecionadores), cujos breves testemunhos proporcionaram uma visão ampla das
múltiplas facetas sob as quais pode ser encarada: a histórica, a patrimonial, a
iconográfica, a estética, a material, a técnica, a funcional, a arqueológica, a
etimológica, a política, a social, a antropológica, a afectiva …
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Alguns desses testemunhos trouxeram a debate tópicos particularmente
desafiadores:
Islão:
“O zellige é um tipo de decoração geométrica que consiste em dispor
lado a lado ladrilhos de terracota de diferentes cores e tamanhos, de acordo
com regras geométricas precisas.” Trata-se de uma técnica para formar padrões,
herdeiro de um método árabe muito antigo, o tastir,
que determinava como distribuir espacialmente as diferentes formas geométricas.
Este método, bem como um outro ainda mais antigo, o hasba, ainda hoje são usados em Marrocos.
Investigador Rachid Benslimane
Cerâmicas:
“Os azulejos pertencem à grande
família das cerâmicas utilizadas na arquitectura, como os tijolos, a terracota,
a faiança e o mosaico.”
Investigador Hans Van Lemmen
Ladrilhos:
Em “Portugal fez-se muita
«azulejaria» anterior ao século XV, mas dávamos-lhe outro nome: ladrilho.”
“A «azulejaria» iniciou o seu
percurso em Alcobaça, na Abadia de Santa Maria, durante a transição do século
XIII para o XIV. Nessa época, os tais magníficos ladrilhos embelezavam a igreja em tons de branco e turquesa e desde
então nunca mais deixaram de ser utilizados.”
Investigador Rui André Alves Trindade
Protagonistas:
“O azulejo e a sua obra têm
vários protagonistas: o oleiro, o pintor, o ladrilhador, o encomendador, constituindo
sempre um processo artístico integrado e articulado.”
Professora Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara
Conjugações:
“O azulejo é um objecto de barro
vidrado relacionado com o acto extraordinário e arcaico de conjugar num só
artefacto os quatro elementos – TERRA, FOGO, ÁGUA e AR -, e que,
simultaneamente, através do revestimento modular, se vincula ao ESPAÇO.”
Arquitectas Catarina e Rita Almada Negreiros
Património:
“Imaginem o que significaria
remover toda a azulejaria da arquitectura portuguesa dos passados cinco
séculos.”
Leonor Sá, coordenadora do Projecto «SOS Azulejo»
Fonte: livro
de Silva e Carvalho (2018; pp. 6-9, 14, 26, 34, 90, 100 e 102)
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