Segundo o psicólogo e pedagogo Jerome
Bruner [ver mensagem «0003»], há dois
modos genéricos para os seres humanos organizarem o seu conhecimento do mundo e
a sua experiência mais imediata. A um desses modos, que “parece mais
especializado para tratar de «coisas» físicas”, chamamos pensamento lógico-científico, pois é utilizado “mediante a verificação ou a prova”. Ao outro,
mais apto para “tratar das pessoas e das suas
obrigações”, chamamos pensamento narrativo, pois é julgado “com base
na verosimilhança ou na sua afinidade com a vida.”
Dada a importância que a «imagem» tem hoje em dia, muitas
das nossas narrativas são apoiadas em fotografias, em desenhos, em organigramas
ou em qualquer outra imagem tanto nos que serve para chamar a atenção como para
facilitar a compreensão do que pretendemos narrar. Por exemplo, uma das
demonstrações mais estéticas do Teorema de Pitágoras pode ser descrita através
das seguintes imagens e palavras:
Esta descrição, apesar do seu título, «demonstração», não
decorre de um «pensamento lógico-científico»: para tal falta, por exemplo, verificar
se os quatro quadriláteros compõem correctamente o quadrado de lado A.
Limitando-se a estas imagens e palavras trata-se, apenas, de uma narrativa
interessante, que bate certo com aquilo que já conhecemos acerca do Teorema de
Pitágoras.
Diferente é a plausibilidade do que se narra através da
imagem com que comecei a mensagem anterior [«0201»]:
Se há quem ache esta imagem tradutora da «evolução da
educação», esse não é o meu caso, pelo que, em vez de a colocar como primeira e
principal imagem da mensagem, a deveria ter colocado depois de descrever o que «observei
nas últimas décadas nas escolas». As narrativas também podem ser controladas,
mediante outras narrativas que apresentem maior fundamentação factual.
Fonte: livro
de Bruner (2000)
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