A propósito da mensagem «0029»:
Houve uma época em que o Azulejador
(ou Ladrilhador) era o principal responsável pela execução das obras de azulejo.
Segundo a investigadora Rosário
Salema de Carvalho, o mais antigo regulamento conhecido desta profissão em
Portugal data de 1608, tendo a sua capa o seguinte aspecto:
E, acrescenta, há provas de que durante
o período barroco (1675 – 1750) a cadeia operatória entre a «encomenda» e a «aplicação»
do azulejo seria, frequentemente, a seguinte (a interpretação é minha):
Uma das preocupações do
Azulejador, continua Rosário Salema de Carvalho, visava garantir a localização
de cada azulejo no respectivo painel, para que o pintor os pintasse já nessa
posição. Para tal, o Azulejador marcava no verso (ou «tardoz») dos azulejos a
letra e o número correspondentes às suas posições (como num sistema de
coordenadas matemáticas), acrescentando um sinal identificador do painel a que
pertenciam.
Em 1985 o pintor Manuel
Cargaleiro, pretendendo homenagear os Azulejadores, executou um painel de
azulejos em que representou esta sua discreta mas central tarefa:
Questões:
Haveria outras profissões que
utilizavam sistemas de representação semelhantes? Desde quando o fariam?
E que inspiração mútua terá ocorrido
entre esses sistemas de representação e o sistema de coordenadas matemáticas
proposto por René Descartes (1596 – 1650) no seu «Discurso do Método» (1637)?
Curiosidades:
O sistema de notação algébrico usado no Xadrez baseia-se
num sistema de coordenadas semelhante ao dos Azulejadores:
O mesmo acontece com o sistema
usado para localizar ruas no mapa de uma cidade e com o sistema de notação
usado no jogo
da «Batalha Naval».
Apoio bibliográfico («pdf») para o texto e para a 1ª e a 3ª imagens: Carvalho (2015)
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