quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

[0094] O velho e os astronautas

A 20 de Julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin pousaram na superfície da Lua. Nos meses que antecederam a expedição, os astronautas da Apollo 11 treinaram num deserto remoto, de aspecto lunar, no Oeste dos Estados Unidos. A região é o lar de várias comunidades de nativos americanos e há uma história – ou lenda – que descreve um encontro entre os astronautas e um dos habitantes locais:

Certo dia, enquanto estavam a treinar, os astronautas encontraram um velho nativo. O homem perguntou-lhes o que estavam a fazer. Eles responderam que faziam parte de uma expedição de investigação que, em breve, ia explorar a Lua. Quando o velho ouviu aquilo, caiu em silêncio durante alguns momentos e, depois, perguntou aos astronautas se podiam fazer-lhe um favor.
- O que quer? – perguntaram.
- Bem – respondeu o velho -, as pessoas da minha tribo acreditam que vivem espíritos sagrados na Lua. Estava a perguntar-me se lhes poderiam transmitir uma mensagem importante da parte do meu povo.
- Que mensagem? – perguntaram os astronautas.
O homem disse alguma coisa na língua da sua tribo e depois pediu aos astronautas que a repetissem até terem memorizado correctamente.
– O que significa? – perguntaram os astronautas.
- Oh, não vos posso dizer. É um segredo que só a nossa tribo e os espíritos da Lua estão autorizados a conhecer.
Quando regressaram à base, os astronautas procuraram e procuraram, até encontrarem alguém que conhecia a língua da tribo, e pediram-lhe que traduzisse a mensagem secreta. Quando repetiram o que tinham memorizado, o tradutor começou a rir ruidosamente. Quando se acalmou, os astronautas perguntaram-lhe o que significava. O homem explicou que a frase que tão cuidadosamente tinham memorizado dizia. «Não acreditem numa só palavra destas pessoas. Vieram roubar as vossas terras».

Contado por Yuval Noah Harari.

 Neil Armstrong na Lua

Lembrei-me desta história – ou lenda – durante a visita guiada, pela Mona Suhrbier, à exposição Entre Terra e Mar, do Weltkulturen Museum de Frankfurt am Main.

E agora a história pode voar até à Lua, mas traduzida para o meu Acordo Ortográfico.

Fonte bibliográfica: Harari (2016; pp. 340-341)
Fonte da imagem: Pics about Space

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