Em 2000 as Nações Unidas
aprovaram oito Objetivos
de Desenvolvimento do Milénio, que pretendiam ver cumpridos até 2015. Ao terminar este prazo, produziram um
relatório onde reconheceram terem sido realizados progressos na concretização desses
objectivos, mas também ter havido diversos fracassos.
A reflexão então feita transformou-os
em dezassete Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, uma
“nova agenda de ação”, para mais quinze
anos, até 2030.
Segundo a declaração que a acompanhou, ela resultou do “trabalho conjunto de
governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo modelo global para
acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger
o ambiente e combater as alterações climáticas.”
Este é um esforço a que todos
somos chamados, para que assim possamos fazer um mundo melhor. E esse esforço
tem de começar em qualquer família, em qualquer escola.
Se a preocupação ética é
indiscutível, o caminho que ela trilha pode e deve ser
analisado criticamente.
E não me parece que o conceito
de «sustentabilidade» que, desde 2015, procura dar coerência global a estes
dezassete objectivos tenha sido uma boa escolha.
Um argumento usado pelo
economista Ha-Joon Chang ilustra o essencial da crítica a
que deve ser submetido o uso impensado e indiscriminado da palavra
«sustentabilidade». Imaginando o dia em que repara que o seu filho não se
sustenta a si próprio, escreve: “Ele é sustentado por mim, mas é bem capaz de
ganhar a vida. Forneço-lhe alojamento, alimentação, educação e cuidados de
saúde. Porém, milhões de crianças da sua idade já têm emprego. (…). Actualmente
ele vive numa redoma económica sem noção do valor do dinheiro. Não tem a mínima
noção dos esforços que a sua mãe e eu fazemos por ele, subsidiando a sua
existência ociosa e afastando-o da dura realidade. Ele está superprotegido e
precisa de ser exposto à concorrência, de modo a tornar-se uma pessoa mais
produtiva. (…). Deveria tirá-lo da escola e arranjar-lhe emprego. (…). Já oiço
o leitor a pensar que devo estar louco. Que sou míope. Cruel. Que o que tenho
de fazer é proteger e criar a criança.”
O nosso planeta deve ser sustentável; e haverá outras
unidades que também o deverão ser. Mas não é possível aplicar este conceito à
maioria das unidades que nos passam pela cabeça: a solidariedade (entre os que têm
e podem mais e os que têm e podem menos) é talvez o conceito que melhor descreve
aquilo em que todos nós gostaríamos de nos envolver.
O relatório de 2015 pode ser
descarregado (em inglês e em francês) da página «Documentos».
Fonte: https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel;
Chang (2013; p. 83)
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