Quase vinte anos após a edição original, em 2010, esta obra
de José-Augusto França foi aumentada e reeditada. Nela, o autor traça o percurso
estético e social da retratista em Portugal, comentando-a, em larga síntese,
assim: “em Nuno Gonçalves e Columbano, se criou,
originalmente e de maneira admirável para a história da arte portuguesa com
capacidade internacional, a realidade da nação, nos seus dois pólos
significativos – alfa e omega de uma imagística que, com a excepção do Sequeira
de 1820, entretanto geralmente se subordinou a situações e gostos, quando não a
pincéis ou cinzéis estrangeiros.”
Eis os “dois pólos” destacados
por José-Augusto França:
Atribuído a Nuno Gonçalves, os painéis de São
Vicente de Fora (3º quartel do século XV)
que, depois das “personagens régias que até então
tinham preenchido a necessidade imagética da sociedade medieval pela função
simbólica que lhes competia”, surgem agora “60
personagens à procura de autor e à espera de entrar em cena”:
Da esquerda para a direita: painéis ditos dos Frades, dos Pescadores,
do Infante, do Arcebispo, dos Cavaleiros e da Relíquia (óleo e têmpera sobre madeira,
actualmente parte da colecção do Museu Nacional de Arte Antiga)
De Columbano Bordalo Pinheiro, O Grupo do Leão
(1885): “o grande retrato colectivo da pintura
nacional. Em volta de uma mesa, entre garrafas, canecas, copos e guardanapos
amachucados que ninguém parece ter usado, catorze figuras de amigos e colegas,
entre as quais o próprio criado de mesa, o Manuel, e o gerente, supõe-se.”
Da
esquerda para a direita: Henrique Pinto, sentado;
Ribeiro Cristino; José Malhoa; João Vaz; Alberto de Oliveira; Silva Porto;
António Ramalho; Manuel Fidalgo, o empregado de mesa; Moura Girão; Rafael
Bordalo Pinheiro, logo abaixo do irmão; Columbano, de cartola; António
Monteiro, o proprietário da cervejaria; Cipriano Martins e, sentado de mão
apoiada na cintura, Rodrigues Vieira (pintura com 376 x 201 cm,
actualmente parte da colecção do Museu Nacional de Arte Contemporânea)
Fontes (texto e imagens):
França
(2010; pp. 19-23, 84-85 e 110); www.museudearteantiga.pt, https://pt.wikipedia.org
e www.museuartecontemporanea.pt
(consultas em 26 de Março de 2017)
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