A agricultura surgiu, mais ou menos independentemente, um
pouco por todo o mundo. Um dos seus focos situou-se na América Central, onde primeiro
surgiu o pimento
e o abacate;
depois, há 7 mil anos, o milho, o colondro, a abóbora e o tabaco, há 5 mil anos o feijão
e há 3,5 mil anos o algodão de montanha, o Hirsutum de fibras robustas.
Cristóvão Colombo trouxe grãos de milho logo no regresso da
primeira viagem, tendo o seu plantio sido fácil nas zonas meridionais da Península
Ibérica (havia muita água, como no Novo Mundo). Os árabes levaram grãos para o
Egipto em meados do século XVI, de onde o cultivo se estendeu para África, para
a Índia e para a China, subindo mais lentamente para Norte, pelas dificuldades
de adaptação ao frio, sendo hoje uma planta universal.
A Estatueta maia do deus do Milho, o 9º objecto
que Neil MacGregor, do Museu Britânico, descreveu em «Uma História do Mundo em
100 Objetos», foi esculpida em calcário, por um cinzel de pedra e um martelo de
basalto, e encontrada em Cópan, “uma importante cidade e centro religioso maia”.
Apesar de ter sido esculpida o mais tardar em 750 d.C., ela
fazia parte de um culto com milhares de anos na América Central, com raízes na
civilização olmeca. “Representa tanto o ciclo anual
da sementeira, colheita e nova plantação como a fé num ciclo humano paralelo,
de nascimento, morte e renascimento.” “Mas
ainda mais, era matéria da qual os povos da América Central eram feitos. O deus
hebreu fez Adão do pó, os deuses maias usaram o milho para fazer os seus
humanos. A história mítica é contada na mais famosa epopeia de todo o
continente americano, o Popol Vuh.
Durante gerações, foi transmitida por tradição oral até ter sido fixada por
escrito no século XVII.”
Há cerca de nove mil anos havia poucas fontes de alimento na
América Central, nem havia animais domesticados e as plantas cultivadas, a
abóbora, o feijão e o milho, eram-no a custo. O milho provém do teossinto,
que “estava muito bem adaptado às condições locais”, tanto podendo crescer “em
terrenos húmidos como na secura das montanhas, o que significava que podia ser
cultivado em qualquer estação.” É também rico em hidratos de carbono
(fornecendo rapidamente energia), mas indigesto, pelo que era acompanhado pelo
chili. “Por volta do ano 1000, o milho tinha-se difundido tanto para norte como
para sul, a todo o comprimento das Américas”, mas era “intragável”, sendo
necessário cozinhá-lo numa mistura de água e lima, sem o que os aminoácidos e a
vitamina B não se libertavam, sendo ainda preciso amassá-lo e transformá-lo
numa massa por levedar; hoje, após uma longa selecção das sementes, é possível
comê-lo sem esta preparação.
Fontes bibliográficas: Mazoyer, entrevistado (2000; pp. 91 e 126); MacGregor
(2014; pp. 71-75)
Fonte da imagem:
www.britishmuseum.org/explore/a_history_of_the_world/objects
(em Janeiro de 2015)
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