quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

[0024] A «Grande Vista de Lisboa», um painel de azulejos extraordinário

A Grande Vista de Lisboa é um painel de azulejos com 1,15 metros de altura e 22,47 metros de comprimento que pode ser observado no terceiro piso do Museu Nacional do Azulejo.
Terá sido produzido por volta de 1700, não havendo certezas sobre quem o encomendou nem sobre quem o pintou. Representa a cidade de Lisboa antes do terramoto de 1755, vista do rio (ou da sua outra margem), desde Algés, à esquerda (Poente), até Xabregas, à direita (Nascente).

Sabe-se que pertenceu ao Palácio dos Condes de Tentúgal, situado no largo de Santiago em Lisboa. Que, durante anos, guarneceu a parede maior do átrio de entrada do Museu Nacional de Arte Antiga. Que aí integrou uma exposição sobre azulejos, em 1947. E que, aquando da sua transferência para o convento da Madre de Deus, visando constituir o actual Museu Nacional do Azulejo, foram descobertas, ainda encaixotadas, as duas secções correspondentes aos extremos da «Grande Vista».

É possível identificar nele fortalezas, palácios, quintas, igrejas, conventos, mercados, fontes, moinhos de água, cruzes, … Ele também nos permite imaginar como seria o quotidiano de Lisboa no início do século XVIII, em particular junto ao rio, a partir do que as pessoas representadas fazem.
Três destas actividades seriam igualmente fortes na margem Sul do Tejo.


A construção naval (aqui na doca de Santos, cuja origens são desconhecidas e cuja desactivação ocorreu cerca de 1887):

A actividade num moinho de maré (cuja data de construção é desconhecida e que pode ter sido destruído pelo terramoto):

A pesca nos esteiros (aqui em frente ao Mosteiro de Nossa Senhora do Bom Sucesso, construído a partir de 1645 e que hoje subsiste com alterações):

Fontes para o texto:
Digital - Museu Nacional do Azulejo (sítio);
Bibliográficas - Museu Nacional do Azulejo (2007; p. 200 e 204)

Fotografias:
Eva Blum


3 comentários:

  1. É mesmo extraordinário! E aquele moinho de maré junto a uma pontezinha, será que hoje se sabe onde/qual era?

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  2. Segundo as informações dadas junto ao painel, a ponte que está à direita do moinho era a Ponte de Alcântara, que subsistiu até ao final do século XIX; um pouco acima do moinho está o Palácio Fiúza (parece mais uma casa grande). Presume-se que o moinho possa ter desaparecido com o terramoto, pois lhe é desconhecida a data e razão para já lá não estar (entretanto houve muitas), nada estando dito acerca das suas origens (mas isso deve saber-se, devido aos documentos sobre impostos, etc.).
    O painel (vinte e tal metros!) pode ser visto (mas não muito organizadamente) se se pesquisar através de «Grande Vista de Lisboa» no Google. O sítio do Museu Nacional do Azulejo tem uma imagem em bandinha que pretende representar os vinte e tal metros, mas não deixa accionar os pormenores (pelo menos não deixou quando eu tentei).
    Boa sorte na pesquisa - mas vale a pena ir ver ao vivo, ir lá com alunos e alguns desafios, etc.

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  3. Também o que me pareceu mais curioso foi o moinho de maré, com a sua caldeira bem visível.
    Conheço este painel lindíssimo, cheio de História e histórias em cada pormenor.
    Obrigada, Pedro!

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