Especialmente nas duas últimas décadas tem sido proposto que
a Educação
para a Cidadania desempenhe um papel central nas nossas escolas. Para
o concretizar, no entanto, tanto se tem exagerado por excesso (criando-lhe
referenciais muito detalhados), como por defeito (deixando cada professor
entregue a si próprio).
Se, por exemplo, adoptarmos como referência, de forma muito aberta,
os Objectivos
de Desenvolvimento Sustentável que
as Nações Unidas propuseram aos
governos e aos cidadãos do mundo cumprir entre 2015 e 2030, a Educação
para a Cidadania corresponderia a pensarmos como responsáveis globais, a
valorizarmos o esforço que as grandes organizações internacionais têm feito
para nos chamarem a atenção para isso e, porque somos nós que estamos em
contacto directo com os problemas, a dispormos do nosso direito à interpretação
crítica daqueles objectivos.
Neste blogue, os dezassete
Objectivos do Desenvolvimento Sustentável foram até agora genericamente
apresentados na mensagem «0080», tendo os primeiros sido referidos nas
mensagens «0154» (erradicar a pobreza), «0157»
(erradicar a fome), «0169» (saúde de qualidade),
«0176» (educação de qualidade) e «0178» (igualdade de género).
Uma estratégia de abordagem é a da recorrência: abordar cada um, ou mais do que um, mais
aprofundadamente ou mais ligeiramente, conforme as oportunidades que se aproveitam
ou se criam.
Tendo o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza Extrema
ocorrido há dias, em 17 de
Outubro, é altura de dar uma nova vista de olhos pelo primeiro dos Objectivos
do Desenvolvimento Sustentável, erradicar a pobreza.
Esta data começou a ser comemorada em 1992 e este objectivo foi depois
escolhido como um dos oito Objectivos do Milénio, que as Nações Unidas
definiram para serem implementados entre 2000 e 2015 (portanto imediatamente
antes dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável).
Em Portugal, segundo os dados da Rede Europeia Anti-Pobreza,
18 % dos portugueses são pobres, uma condição que se aplica a quem, na Europa,
tenha um vencimento mensal inferior a 406 euros.
No mundo, 43 % da população vivia em pobreza extrema
em 1990, com menos de 1,25 dólares por dia. Entretanto esta percentagem diminuiu
para 21%, mas há ainda muito trabalho pela frente, especialmente no continente
africano.
Também há dias, o Prémio Nobel da Economia referente a 2019foi
atribuído a Abhijit Banerjee, Esther
Duflo e Michael Kremer, pelos seus contributos para as políticas que visam reduzir
a pobreza:
Da esquerda para a direita: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer |
Entre as fortes razões
para a atribuição deste prémio, foram salientados os casos das mais de 700
milhões de pessoas que ainda vivem com rendas extremamente baixas, das perto de
cinco milhões de crianças menores de cinco anos que morrem anualmente devido a
doenças que poderiam ser prevenidas ou curadas com tratamentos não dispendiosos
e das cerca de uma em cada duas crianças que abandonam todos os anos a escola apenas
com capacidades básicas de leitura e aritmética.
Fontes: sítios
do Calendarr Portugal e do El Pais Brasil
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