Em Novembro de 2011, na 36ª Conferência Geral da Unesco, realizada em Paris, foi aprovada a Declaração Universal sobre os Arquivos, através da qual se assumiu o valor dos documentos de arquivo como património e memória, bem como fundamento para muitas das decisões que são tomadas.
Tal como então foi recordado, «os arquivos não são imensas campas nas quais fiquem enterradas as experiências humanas e os seus dramas, mas ao contrário, os arquivos representam muitas das condições que permitem a formação de uma consciência humana» (Jaime Torres Bodet, Diretor-geral da Unesco, em discurso de 1948).Declaração Universal sobre os Arquivos
“Os Arquivos registam decisões, ações e memórias.
Os Arquivos constituem um património único e insubstituível transmitido de
geração em geração. Os documentos de arquivo são geridos desde a sua criação
para preservar o seu valor e significado. Os Arquivos são fontes fiáveis de
informação para uma governação responsável e transparente. Desempenham um papel
essencial no desenvolvimento das sociedades ao contribuir para a constituição e
salvaguarda da memória individual e coletiva. O livre acesso aos arquivos
enriquece o conhecimento sobre a sociedade humana, promove a democracia,
protege os direitos dos cidadãos e melhora a qualidade de vida. Por isso
reconhecemos:
• o caráter único dos arquivos como
provas autênticas das atividades administrativas, culturais e intelectuais e
como um reflexo da evolução das sociedades;
• o papel essencial dos arquivos para
garantir uma gestão eficaz, responsável e transparente, para proteger os
direitos dos cidadãos, assegurar a memória individual e coletiva, e para
compreender o passado, documentar o presente com vista a orientar o futuro;
• a diversidade dos arquivos permite
documentar todas as áreas da atividade humana;
• a multiplicidade de suportes e
formatos em que os documentos são produzidos e conservados, incluindo papel,
eletrónico, audiovisual e outros;
• o papel dos arquivistas, profissionais
qualificados, com formação inicial e contínua, ao serviço da sociedade,
apoiando o processo de produção dos documentos, a sua avaliação, seleção e
conservação, e a respetiva disponibilização;
• a responsabilidade coletiva,
envolvendo, cidadãos, decisores públicos, proprietários ou detentores de
arquivos públicos ou privados, arquivistas e outros profissionais da
informação, na gestão de arquivos.
Por isso comprometemo-nos a trabalhar em conjunto, para que:
• sejam adotadas e aplicadas políticas e
legislação arquivística adequadas;
• todos os organismos públicos ou
privados que produzem e utilizam documentos para o exercício das suas
atividades valorizem e exerçam eficazmente a gestão dos seus arquivos;
• sejam disponibilizados os recursos
necessários para apoiar a adequada gestão dos arquivos, inclusive a contratação
de profissionais qualificados;
• os arquivos sejam geridos e conservados de forma a garantir a sua
autenticidade, fiabilidade, integridade e utilização;
• os arquivos sejam acessíveis a todos,
respeitando a legislação em vigor sobre esta matéria e sobre os direitos dos
cidadãos, dos produtores, dos proprietários e dos utilizadores;
• os arquivos sejam utilizados de modo a
contribuir para a promoção de uma cidadania responsável.”
Fonte: Direcção-Geral de Arquivos (2011)
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