Por volta de 1490 Leonardo da Vinci (1452-1519) desenhou num dos
seus famosos cadernos (este está guardado na Gallerie dell`Accademia de Veneza)
uma figura que veio a ser conhecida por Homem de Vitrúvio:
Desenho com 34 x 24 centímetros |
Vitrúvio (nascido por volta de 80 a. C.), o mais famoso dos arquitectos romanos, tinha postulado, no terceiro dos seus dez livros intitulados De Architectura, diversas proporções para o corpo humano. Por exemplo, segundo ele, o comprimento dos braços abertos de um homem seria igual à sua altura; o comprimento da mão, igual a um décimo da altura; e o comprimento do pé, igual a um sexto da altura.
Leonardo, baseado nesta
convicção de que existiriam proporções fixas entre as partes do corpo humano, fez
as suas próprias medições e, com base nessas medições, decidiu alterar mais de
metade das proporções de Vitrúvio, como aconteceu em relação ao pé: passou a
ser um sétimo da altura de um homem.
O Homem de Vitrúvio resultou da
concretização destas proporções num desenho. Nele estão duas figuras masculinas,
ambas com os pés inscritos num círculo: os braços de um estão inscritos nesse
círculo; e os do outro inscritos num quadrado.
A ideia de Leonardo era mais ambiciosa do que a simples fixação
das proporções humanas. Nas notas que redigiu a propósito deste desenho,
Leonardo também se referiu a proporções entre o humano e o cósmico e a
proporções entre figuras geométricas (o círculo e o quadrado desenhados têm a
mesma área).
Neste tempo que corre, em que a
protecção contra a pandemia do Covid-19
ensaia prudentemente a transição entre o confinamento e o desconfinamento, a
noção das distâncias a que estamos uns dos outros tornou-se uma ferramenta a
usar sem que precisemos de pensar sempre nela. De acordo com uma das regras de
protecção mais consensuais, deveremos evitar aproximarmo-nos a menos de 2
metros. Imaginemos pois que o Homem de Vitrúvio, com os seus braços abertos, como
árbitro de futebol prevenindo conflitos, nos indica a distância mínima que
devemos acautelar:
Fonte: livro
de Isaacson (2019; pp. 175-186)
Imagem do «Homem de Vitrúvio»: Wikipédia
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