Na mensagem «0080» foram genericamente apresentados os dezassete Objectivos de Desenvolvimento Sustentável que as Nações Unidas propuseram aos governos e aos cidadãos do mundo
cumprir entre 2015 e 2030. E na mensagem «0154» foi apresentado o
primeiro desses objectivos, “erradicar a pobreza”.
O 2º desses objectivos é:
Ele foi-nos apresentado assim, em
https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel:
“Objetivo 2: Erradicar a fome
Até 2030,
acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os
mais pobres e pessoas em situações vulnerável, incluindo crianças, a uma
alimentação de qualidade, nutritiva e suficiente durante todo o ano.
Até 2030,
acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir, até 2025, as
metas acordadas internacionalmente sobre nanismo e caquexia em crianças menores
de cinco anos, e atender às necessidades nutricionais dos adolescentes,
mulheres grávidas e lactantes e pessoas idosas.
Até 2030,
duplicar a produtividade agrícola e o rendimento dos pequenos produtores de
alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores de
subsistência, pastores e pescadores, inclusive através de garantia de acesso
igualitário à terra e a outros recursos produtivos tais como conhecimento,
serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de
emprego não agrícola.
Até 2030,
garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas
agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a
manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às alterações
climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres,
e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.
Até 2020,
manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas, animais de
criação e domesticados e suas respetivas espécies selvagens, inclusive por meio
de bancos de sementes e plantas que sejam diversificados e bem geridos ao nível
nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição justa e
equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e
conhecimentos tradicionais associados, tal como acordado internacionalmente.
Aumentar o
investimento, inclusive através do reforço da cooperação internacional, nas
infraestruturas rurais, investigação e extensão de serviços agrícolas,
desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de plantas e animais, para
aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento, em
particular nos países menos desenvolvidos.
Corrigir e
prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados agrícolas
mundiais, incluindo a eliminação em paralelo de todas as formas de subsídios à
exportação e todas as medidas de exportação com efeito equivalente, de acordo
com o mandato da Ronda de Desenvolvimento de Doha.
Adotar medidas
para garantir o funcionamento adequado dos mercados de matérias-primas agrícolas
e seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação sobre o mercado,
inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a
volatilidade extrema dos preços dos alimentos.”
Parece que a concretização deste objectivo está a correr
mal desde que os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável foram formulados. O título
de uma notícia recente, “Pelo terceiro ano consecutivo, há mais gente com fome no
mundo”, não deixa dúvidas.
Com base no relatório anual sobre
a Segurança Alimentar e Nutrição das Nações Unidas, relativo a 2017, este foi o
terceiro ano consecutivo em que aumentou o número de pessoas com fome no mundo,
estando nessa situação, naquela altura, 821
milhões de pessoas, uma em cada nove pessoas
da população mundial: 515 milhões na Ásia; 256,5 milhões em África; e 39
milhões na América Latina e Caraíbas.
Segundo um outro relatório, da FAO
(organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), “A
variabilidade do clima, que afecta os padrões da chuva e as estações, bem como
extremos climáticos como secas e inundações, estão entre as principais causas
do aumento da fome, além dos conflitos e abrandamentos económicos”.
Há, no entanto, outras causas para o problema da fome, que também
provocam mal-nutrição, nomeadamente a obesidade.
No mundo, cerca de 672 milhões de adultos são obesos
(13% do total), e a eles juntam-se 38,3 milhões de crianças com menos de cinco
anos. Este problema é mais sentido na América do Norte, mas também está a
aumentar na África e na Ásia, porque a comida nutritiva é aí mais cara,
gerando, paradoxalmente, obesos.
Já em 2015 Eric Holt-Gimenez, da Organização Não
Governamental «Food First», criticou o sistema alimentar mundial por estar
dominado por monopólios, como o das sementes e dos fertilizantes, fazendo com
que mais de dois terços dos agricultores … passem fome!
Fonte: notícia das agências Lusa e Reuters (2018); entrevista de Holt-Gimenez
por Silva (2015)
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