quinta-feira, 14 de março de 2024

[0342] As Araucárias, no espaço e no tempo

As Araucárias são uma pequena família de plantas (que agrupa 3 géneros e, nestes, 33 espécies), autóctones no Hemisfério Sul e particularmente representadas na Nova Caledónia.

Em Portugal estas árvores são exóticas, sendo ornamentalmente usadas em parques e jardins públicos. Em Lisboa, são particularmente interessantes os exemplares existentes nos Jardins Botânicos da Ajuda, do Palácio do Monteiro-Mor e da Rua da Escola Politécnica, todos eles com a respectiva identificação. No concelho de Almada existem muitos exemplares em jardins privados, sendo por vezes um tanto incómodos por terem sido plantados demasiado próximo da respectiva habitação; e no Parque da Paz (Cova da Piedade) foram plantados alguns exemplares, há talvez vinte e poucos anos, portanto ainda bastante jovens, sendo de um deles as seguintes duas fotografias: 

Jovem exemplar (2013)

Folhas (2013)

São características gerais das Araucárias: a grande dimensão do tronco (pode atingir os 50 metros de altura); os ramos dispostos em andares, a partir de um vértice; as folhas aciculadas (embora, nalguns casos, sejam largas e espalmadas); a não produção de flores; e as pinhas grandes (nalgumas espécies podem atingir um diâmetro de 20 centímetros), que se desfazem quando maduras.
Nos locais onde estas árvores se reproduzem espontaneamente, os seus pinhões são utilizados como alimento; e a sua madeira é usada na construção naval.

O nome dado a esta família lembra um povo indígena da América do Sul, os Araucanos (uma das suas espécies, a Araucária-do-Chile, é característica das montanhas que ligam o Chile e a Argentina).

Os mais antigos fósseis de Araucárias foram datados do Triássico (temporalmente situado há entre 250 e 200 milhões de anos), sendo dos mais antigos das Coníferas (ordem que também inclui as famílias dos Pinheiros, das Sequóias e dos Abetos).
No Triássico, todas as massas terrestres estavam ligadas num único supercontinente, a Pangea, que, há cerca de 200 milhões de anos, se começou a fragmentar em dois grandes continentes, a Sul o Gondwana e a Norte a Laurásia. As Araucárias ficaram ligadas ao Sul e os Pinheiros ao Norte, explicando a actual distinta prevalência geográfica das espécies que delas descendem:

Supercontinente Pangea

Um caso curioso: uma Araucária cujo troco se subdividiu em dois (ligeiramente abaixo do telhado da vivenda), tendo-se um deles, por sua vez, subdividido noutros dois (por altura do telhado):

Araucária subdividida e de novo subdividida (2024)

E um caso enganador: a primeira vez que vi, à distância, a «árvore» que surge na seguinte fotografia (tirada na Tapada da Ajuda, em Lisboa), pensei tratar-se de uma Araucária:

Falsa Araucária (2017)

Mas não é uma Araucária: trata-se de uma antena da rede de telemóveis, disfarçada de Araucária (para poder passar desapercebida na Tapada?)!


Fonte: Bingre & outros (2007; pp. 40-41 e 133-134); Willis & McElwain (2002; p. 148)
Fotografias: Eva Maria Blum e Pedro Esteves
Imagem (Pangea): Knoow.net

Sem comentários:

Enviar um comentário