Entre os escritos precursores deste género literário encontram-se obras como «Utopia» (1516), de Thomas More, «Somnium» (1611), de Johannes Kepler, «Histoire comique des Estats et empires de la Lune» (1657), de Cyrano de Bergerac, «Nova Atlantis» (1626), de Francis Bacon, «The Balloon-Hoax» (1844), de Edgar Allan Poe, e «Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde» (1886), de Robert Louis Stevenson.
Foi com o francês Jules Verne (1828-1905) e com o inglês H. G. Wells (1866-1946), portanto na transição para o século XX, que as características deste género literário se começaram a explicitar. Entre os seus autores mais interessantes, activos até perto do início deste século, figuram o checoslovaco Karel Čapek (1890 - 1938), os ingleses Aldous Huxley (1894 - 1963), George Orwell (1903 - 1950) e Arthur C. Clarke (1917 - 2008), os norte-americanos Robert A. Heinleine (1907 - 1988), Isaac Asimov (1920 - 1992), Ray Bradbury (1920 - 2012) e Kurt Vonnegut Jr. (1922 - 2007), o canadiano A. E. van Vogt (1912 - 2000) e o polaco Stanislaw Lem (1921 - 2006).
Para Isaac Asimov, um destes autores, o objectivo deste tipo de ficção não é imaginar o «futuro»: “O verdadeiro futuro será o que as circunstâncias, a vontade humana e a inteligência do homem quiserem fazer dele; e o que podemos desejar é que todas elas conspirem para que o resultado seja bom. O meu objectivo, como futurista, é reconhecer o terreno que temos pela frente, a fim de a humanidade, na sua viagem através do tempo, tenha uma noção mais exacta daquilo a que pode aspirar e daquilo que deve evitar.”
Para Darko Suvin, um estudioso, o que é escrito por estes ficcionistas, são “parábolas”, tal como já estava bem explícito na «Guerra dos Mundos», que Wells publicou em 1898: logo no início, ao descrever a invasão da Terra pelos Marcianos, ele diz-nos que “os marcianos se comportaram em relação a nós, terrestres, como «nós», ingleses, nos comportámos relativamente aos povos coloniais”. Por isso, prossegue Suvin, os filmes como «A Guerra das Estrelas» são “nocivos”; são “uma mistura habilidosa” de filmes de guerra e de contos de fadas, são “sofrivelmente reaccionários, da nova direita americana, populista”, e o seu sucesso levou muitos romancistas americanos a “escrever com a esperança de ganhar dinheiro vendendo um das suas histórias a Hollywood, e isso implicou uma perda de qualidade média” do que eles escreveram.
Para Rod Serling, criador da série «Twilight Zone, existe uma diferença de grau entre a «fantasia» e a «ficção»: “Fantasia é o impossível tornado provável. Ficção científica é o improvável tornado possível.”
O canal televisivo ARTE exibiu há tempos dois documentários particularmente interessantes relacionados com a ficção social e científica, que, infelizmente já não estão acessíveis (mas que os interessados podem procurar por outros meios).
Num deles comparam-se as obras 1984, de Georges Orwell, com The Brave New World, de Aldous Huxley, duas visões futuristas sobre o controlo social e que, hoje, talvez se possa dizer estarem a ser concretizadas complementarmente:
No outro faz-se uma análise do testamento literário daquele que talvez se possa considerar o mais prolífico escritor deste género literário: Isaac Asimov:
Documentários referidos: «George Orwell, Aldous Huxley: “1984” ou “Le Meilleur des Mondes”?»; «Isaac Asimov. L`étrange testament du père des robots»
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