domingo, 17 de janeiro de 2021

[0255] O tempo de Vida da Terra reduzido a «dois metros»

Há pelo menos dois tipos de modelos que procuram transmitir-nos uma noção do que são as durações muito grandes, como o tempo de Vida da Terra (cerca de 4 600 milhões de anos) ou o tempo de Vida do Universo (entre 13 000 e 15 000 milhões de anos).Um desses modelos aposta na sensibilidade que desenvolvemos à duração do dia e do ano, dado estarmos permanentemente expostos a um e a outro. E o outro modelo também aposta na nossa sensibilidade, mas a outra medida: a dos comprimentos. Na mensagem «0181», que prolongava a «0128», referi um exemplo deste segundo modelo, o de fazer com que um passo nosso equivalesse à passagem de um século (mostrando de quantos passos precisaríamos para regressar a diversos momentos do passado).
Volto desta vez ao modelo dos «comprimentos», inspirado numa ideia de John McPhee: reduzir o tempo de vida da Terra à distância entre as pontas dos dedos dos braços estendidos.

Recorrendo-me da parte superior do célebre desenho de Leonardo da Vinci, e regressando ao tema da Vida da Terra («Ma» quer dizer «Milhões de anos»):


De acordo com esta representação,

a primeira mão, o primeiro braço, o tronco e o segundo braço correspondem ao tempo em que a vida surgiu, ao desenvolvimento das células até formar agregados de células e, depois, as primeiras formas complexas de vida, embora suficientemente toscas para quase não deixarem registo fóssil;

o Câmbrico (há cerca de 540 Ma atrás), altura em que surgiram as grandes linhagens da vida actual, só se inicia ao chegar ao pulso da segunda mão;

e a história humana está reduzida a um espaço tão pequeno, na extremidade da segundo mão, que uma só passagem com uma lima de unhas a erradicaria.

 

Fonte: Bryson (2004; p. 336)

Sem comentários:

Enviar um comentário