Há pelo menos dois tipos de modelos que procuram
transmitir-nos uma noção do que são as durações muito grandes, como o tempo de Vida da Terra (cerca de 4 600 milhões de anos) ou o tempo de Vida do Universo (entre 13
000 e 15 000 milhões de anos).Um desses modelos aposta na
sensibilidade que desenvolvemos à duração do dia e do ano, dado estarmos
permanentemente expostos a um e a outro. E o outro modelo também aposta na
nossa sensibilidade, mas a outra medida: a dos comprimentos. Na mensagem «0181»,
que prolongava a «0128», referi um exemplo deste segundo modelo, o de fazer com
que um passo nosso equivalesse à passagem de um século (mostrando de quantos
passos precisaríamos para regressar a diversos momentos do passado).
Volto desta vez ao modelo dos «comprimentos», inspirado
numa ideia de John McPhee: reduzir o tempo de vida da Terra à distância
entre as pontas dos dedos dos braços estendidos.
Recorrendo-me da parte superior do célebre desenho de Leonardo da Vinci, e regressando ao tema da Vida da Terra («Ma» quer dizer «Milhões de anos»):
De acordo com esta representação,
a primeira mão, o primeiro braço, o tronco e o segundo braço correspondem ao tempo em que a vida surgiu, ao desenvolvimento das células até formar agregados de células e, depois, as primeiras formas complexas de vida, embora suficientemente toscas para quase não deixarem registo fóssil;
o Câmbrico (há cerca de 540 Ma atrás), altura em que surgiram as grandes linhagens da vida actual, só se inicia ao chegar ao pulso da segunda mão;
e a história humana está reduzida a um espaço tão pequeno, na extremidade da segundo mão, que uma só passagem com uma lima de unhas a erradicaria.
Fonte: Bryson (2004; p. 336)
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