Na mensagem «0128», a propósito da nossa grande dificuldade
para compreender o que se passou na Terra ao longo dos seus 4 600 Ma
(milhões de anos) de vida, referi um modelo que concentra todo este tempo em
apenas 24 horas. Nele, a vida na Terra com características mais complexas (por
exemplo, os animais possuidores de um esqueleto), que só existe desde há cerca
de 542 Ma, iniciou-se pouco depois das 21 horas, tendo o Homo sapiens surgido apenas nos últimos 3 segundos do dia:
Uma variante deste modelo usa, em vez da comparação com um Dia,
a comparação com um Ano (neste caso, o Homo
sapiens surge mais ou menos quando faltam cerca de 20 minutos para o ano
terminar).
Estes dois modelos apostam na sensibilidade que desenvolvemos
à duração do dia e do ano, dada a nossa repetida exposição a elas.
Um outro modelo, com a mesma preocupação de nos fazer sentir
o que é a passagem dos tempos imensamente longos, escolheu uma estratégia diferente:
em vez de escolher uma duração total à qual estaremos habituados, escolhe um
ritmo de algo que costumamos fazer, como andar.
Se cada passada nossa no modelo equivaler à passagem de cem
anos na realidade, e se andarmos ao
ritmo de 32 quilómetros por dia, todos os dias,
·
ao fim de 1 passo, já não teremos internet, veremos
os recifes de coral um terço mais extensos, ainda nada saberemos de bombas
atómicas, nem de duas guerras mundiais, e não veremos as cidades
fulgurantemente iluminadas à noite …
·
após 20 passos, poderemos encontrar-nos com Jesus
…
·
à medida que dermos os passos seguintes, veremos
o desaparecimento de diversas religiões, primeiro o budismo, depois o
zorastrismo, o judaísmo e o hinduísmo …
·
e assim continuando, caminhando sempre ao mesmo
ritmo (de cerca de um passo em pouco menos de 3 segundos), levaríamos quatro anos
até observarmos o início da história da Terra, e quase mais dez anos para
chegarmos ao momento do Big Bang …
Fonte (para
o segundo modelo): Brannen (2019; pp. 26-27)
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