quarta-feira, 29 de agosto de 2018

[0139] Programas escolares assépticos: os exemplos dos cursos «profissionais» e «alternativos»


No ensino básico, os alunos que acumulam reprovações e insistem em estudar são desviados do ensino geral para outros cursos: os Cursos de Educação e Formação, os Percursos Curriculares Alternativos e, há menos tempo, também para os Cursos Vocacionais.

Num estudo divulgado recentemente, a Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) concluiu que os alunos provenientes destes cursos que se matriculam nos Cursos Profissionais do ensino secundário são também os que aí têm menos sucesso. Estes cursos duram três anos. Entre os alunos que neles se inscreveram em 2014-15, ao fim de três anos 70 % dos vindos do ensino geral tinham-nos concluído e 6 % tinham abandonado os estudos, enquanto só 35,6 % dos vindos de outros cursos o tinham concluído e 30 % tinham abandonado os estudos:



Comentando o caso dos Percursos Curriculares Alternativos, o professor Paulo Guinote (citado pela jornalista Clara Viana) desabafou: “as escolas devem ter liberdade para definir o que consideram ser as respostas mais adequadas para os seus problemas de insucesso e abandono escolar”; é “indispensável” construir “um currículo mesmo alternativo”; por vezes “é indispensável a contratação de docentes com um perfil diferente”; mas a autonomia de que as escolas dispõem “é a mesma que tem um prisioneiro na forma de organizar o mobiliário da sua cela”.

Este é um primeiro exemplo que explica porquê os programas escolares são tão assépticos (mensagem «0129»): eles, traduzindo a intenção subjacente aos cursos a que dizem respeito, não são feitos para alunos concretos.

Fontes jornalísticas: Viana (2018a; 2018b)

sábado, 18 de agosto de 2018

[0138] A perfeita introdução ao mundo da magia!


Subdividido em 5 capítulos, Magia com Cartas, Magia Improvisada, Magia Mental, Magia de Salão e Magia Clássica, cada qual ilustrado através de 10 magias, este livro desvenda muitas das bases sobre as quais são construídas as ilusões no palco:



Intervalando com a apresentação das magias, Luís de Matos conta histórias que nos dão uma primeira e vasta imagem do que tem siso a História da Magia!
Entre elas encontra-se esta acertada comparação, que nos desvenda o fundamento psicológico de qualquer magia: “O poeta e novelista nigeriano Ben Okri disse um dia que «o mágico e o político têm muito em comum: ambos precisam de afastar a atenção daquilo que realmente estão a fazer.»”

Fonte: Matos (2016; p. 24)

sábado, 11 de agosto de 2018

[0137] Exemplo do mais simples dos frisos

Um dos três secadouros de bacalhau que existiram em Alcochete (situado na margem esquerda do Tejo, um pouco para montante de Lisboa) ainda tem hoje visíveis, embora em ruínas, quer os seus edifícios, quer os extensos suportes exteriores sobre os quais o bacalhau, aberto e salgado, era exposto ao Sol, para secar:



À distância não se percebe, mas o muro que veda este secadouro apresenta, ao longo da sua parte superior, uma interessante decoração, obtida através de um molde que impediu o seu preenchimento com cimento: um desfile de bacalhaus!


Na Arte e na Matemática chama-se a este efeito um friso.
Já foram apresentados e analisados alguns frisos nas mensagens «0070» e «0073».
Sob o ponto de vista da Matemática este friso de Alcochete é o mais simples dos frisos, por apenas possuir uma propriedade geométrica (que partilha, aliás, com todos os outros frisos): não é alterado se for sujeito a uma translação horizontal definida por um «vector» como o indicado abaixo (ou ± o seu dobro, ou ± o seu triplo, …):


Fotografias: Eva Maria Blum

domingo, 5 de agosto de 2018

[0136] A Geometria que a Terra nos oferece


Esta fotografia mostra um exemplo da beleza das rotundas de Castro Verde:

Fotografia de Eva Maria Blum

No centro desta rotunda encontra-se o Monumento à Riqueza do Subsolo, da autoria de António Trindade, inaugurado em 1999, e que a Câmara Municipal, como Arte Pública, oferece à contemplação dos visitantes do concelho.

Esta escultura representa cristais de Pirite, construídos com ferro laminado, soldado, tratado e protegido por uma cobertura cromática de poliuretano com pigmentos e cargas metálicas expressivas da cor deste minério.

O Sul e o Poente do concelho é atravessado pela Faixa Piritosa Ibérica, que se estende pelo Baixo Alentejo e por Espanha, e que resultou do vulcanismo submarino do início do período Carbónico (360 a 300 milhões de anos) levando à formação de jazigos minerais como os que são explorados na mina de Neves Corvo, situada no concelho de Castro Verde e a mais importante mina em actividade em Portugal.

A Pirite é composta por Ferro e Enxofre (fórmula química: FeS2) e cristaliza quase sempre como um Cubo, um dos cinco sólidos platónicos.
Certamente que a formulação matemática destes sólidos na Antiga Grécia terá sido estimulada pela ocorrência natural de minerais como este.

Cristal de Pirite, originário de Espanha:

Imagem da Wikipédia (em português)

Fontes: sítios da Câmara Municipal de Castro Verde e da Ciência Hoje (notícia de 7 de Julho de 2008)