No ensino básico, os alunos que acumulam reprovações e
insistem em estudar são desviados do ensino geral para outros cursos: os Cursos de Educação
e Formação, os Percursos Curriculares Alternativos e, há menos
tempo, também para os Cursos Vocacionais.
Num estudo divulgado recentemente, a Direcção-Geral de
Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) concluiu que os alunos provenientes
destes cursos que se matriculam nos Cursos Profissionais do ensino secundário são
também os que aí têm menos sucesso. Estes cursos duram três anos. Entre os alunos
que neles se inscreveram em 2014-15, ao fim de três anos 70 % dos vindos do
ensino geral tinham-nos concluído e 6 % tinham abandonado os estudos, enquanto
só 35,6 % dos vindos de outros cursos o tinham concluído e 30 % tinham abandonado
os estudos:
Comentando o caso dos Percursos Curriculares Alternativos, o
professor Paulo Guinote (citado pela jornalista Clara Viana) desabafou: “as escolas devem ter liberdade para definir o que
consideram ser as respostas mais adequadas para os seus problemas de insucesso
e abandono escolar”; é “indispensável”
construir “um currículo mesmo alternativo”;
por vezes “é indispensável a contratação de
docentes com um perfil diferente”; mas a autonomia de que as escolas
dispõem “é a mesma que tem um prisioneiro na forma
de organizar o mobiliário da sua cela”.
Este é um primeiro exemplo que explica porquê os programas escolares são tão assépticos
(mensagem «0129»): eles, traduzindo a intenção subjacente aos cursos a que
dizem respeito, não são feitos para alunos concretos.
Fontes jornalísticas: Viana (2018a; 2018b)