Este livro, escrito por um astrofísico, Neil deGrasse Tyson, é uma interessante
introdução ao Cosmos
para todos os alunos do Ensino Secundário, de qualquer curso – e é um
esclarecedor guia para todos os cidadãos, mesmo para aqueles com menos tempo para
se envolverem nesta magnífica viagem.
Mas, para mim, o mais interessante deste livro surge no seu
último capítulo, quando Tyson regressa da sua viagem cósmica e mostra não se
ter esquecido dos problemas que todos nós enfrentamos na Terra.
Escreve ele: “Quem é que celebra
assim esta visão cósmica da vida? Não o emigrante que trabalha nos campos. Não o
funcionário da loja de doces. E muito menos o sem-abrigo a remexer o lixo à
procura de comida. Precisamos do luxo do tempo que não é gasto na mera
sobrevivência. Precisamos de viver num país cujo governo valorize a busca de
conhecimento sobre o lugar da Humanidade no Universo.” Pois, reconhece, “os poderosos raramente fazem tudo o que podem para ajudar
aqueles que não se podem ajudar a si mesmos.”
Mas, argumenta ainda Tyson, todos precisamos da modéstia que
resulta de avaliarmos qual “o nosso lugar no
Universo.” “A Terra fora considerada única
do ponto de vista astronómico, até os astrónomos descobrirem que era apenas
outro planeta em órbita à volta do Sol. Depois pensámos que o Sol era único,
até descobrirmos que as inúmeras estrelas no céu nocturno eram, elas próprias,
sóis. Depois suposemos que a nossa galáxia, a Via Láctea, constituía todo o
Universo conhecido até concluirmos que aquelas coisas difusas no céu eram
outras galáxias, a pontuar a paisagem do Universo conhecido.” “No entanto, as novas teorias da cosmologia moderna, bem
como a improbabilidade continuamente reafirmada de tudo ser único, exigem que
continuemos abertos à mais recente afronta ao nosso argumento de exclusividade:
o multiverso.” E o que já conhecemos exige que não nos esqueçamos do “nosso parentesco genético com toda a vida na Terra”,
da “nossa afinidade química com uma qualquer forma
de vida (ainda a ser descoberta) do Universo”, bem como do “nosso parentesco atómico com o próprio Universo.”
Fonte: Tyson (2017; pp. 143-153)
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