No Parque do Tempo do Planetário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), estado de Rio Grande do Sul (Brasil), existem três relógios de Sol, representados no seguinte figura:
Da direita para a esquerda:
Relógio de Sol Equatorial e Horizontal
Foi inaugurado no 40º aniversário da UFSM
(que foi fundada em 14 de Dezembro de 1960) e idealizado por Francisco José
Mariano da Rocha, então director do Planetário, e projectado por Hugo Gomes
Blois Filho, professor de Arquitectura e Urbanismo, em parceria com Débora
Sartori, na época estudante do mesmo curso.
É composto por dois marcadores, um equatorial, em formato circular, e
responsável por apresentar o correr das horas, a partir da projecção da sombra
de um gnómon (haste perpendicular ao círculo); e outro horizontal, construído
no solo, onde também é possível observar o passar das horas pela projecção das
sombras.
Relógio solar Intihuatana
Foi inaugurado no 45º aniversário da UFSM e
no 34º do seu Planetário.
Trata-se de uma representação da pedra inca encontrada no ponto mais alto da
cidade sagrada de Machu Picchu (Peru). A palavra «Intihuatana» significa, no
idioma quechua, «onde se amarra o Sol». A pedra marca as estações do ano por
meio da projecção de sombras na parte superior do monumento (o gnômon),
Esta pedra permite determinar a passagem meridiana, instante em que os astros
atingem a máxima altura. Também marca os equinócios, dias do ano em que dia e
noite têm exactamente a mesma duração – início do Outono e início da Primavera.
Relógio Solar Tupi-Guaraní
Tem por base um estudo realizado em 1991por
investigadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi
inaugurado no 50º aniversário da UFSM.
A equipa que efectuou o estudo analisou um monólito vertical, encontrado num
sítio arqueológico situado nas margens do Rio Iguaçu, concluindo que tinha
quatro faces talhadas artificialmente, apontando para os quatro pontos cardeais
Norte, Sul, Leste e Oeste. As duas faces menores apontavam na direcção
Norte-Sul e as maiores apontavam para a direcção Leste-Oeste. Além disso, em
torno do monólito havia uma circunferência e alguns alinhamentos de rochas
menores que, partindo dele, aparentemente indicavam os pontos cardeais e as direcções
do nascer e do pôr-do-sol nos solstícios e equinócios.
Na versão construída na UFSM, o monólito vertical é de alvenaria, com 1,50
metros de altura. E as pedras de basalto, distribuídas ao redor do monólito,
marcam as linhas Norte-Sul, Leste-Oeste, além do nascer e do pôr do sol nos
solstícios de Verão e Inverno.
É possível ver uma animação do passar
das horas nestes três relógios em:
https://www.ufsm.br/midias/arco/voce-sabia-que-existem-tres-tipos-de-relogios-do-sol-na-ufsm
Eis uma pequena história sobre relógios de Sol história contada por um
antropólogo: “Há anos algures na Madeira um
camponês contou-me que «antigamente» quando estavam a trabalhar no campo e
queriam saber a aproximação da hora em que chegaria a água de rega, liam o
tempo pela sombra do cabo de uma enxada que deixavam propositadamente de pé
sobre a lâmina. Engenhoso. Nunca vi. Só me contaram. Nos dias nublados ...!?”
Que acontece à sombra desta enxada, se for
colocada sobre um plano infinito sobre o qual o Sol passa, de Leste para Oeste?
A extremidade da sombra vai-se deslocando de Oeste para Leste, havendo um momento em que o seu comprimento é mínimo (a amarelo, na imagem), momento que corresponde ao «meio-dia solar».
Este modelo é uma primeira aproximação do que se passa na realidade. De facto, a Terra não é plana, mas esférica; e o Sol aparenta circular em volta dela. Mas, para as principais horas do dia, esta simplificação serve.
Se em torno da base enxada fosse desenhado um pequeno rectângulo e aí construído um relógio de Sol, ele seria do tipo Horizontal.
Existem outras duas possibilidades principais de construir relógios de Sol: o tipo Vertical, muito frequente em edifícios públicos, encontra-se, por exemplo, numa na Igreja do Seixal (primeira fotografia inserida abaixo); e o tipo Equatorial (pois o plano onde a sombra é projectada é paralelo ao equador terrestre), que é mais raro, tanto pode ser exemplificado pelo que existe na UFSM (ver figura acima) como pelo que existe nas margens do Meno, em Frankfurt (segunda fotografia abaixo):
Outra mensagem sobre «relógios de Sol: ver «0170»
Fontes: https://www.ufsm.br/midias/arco/voce-sabia-que-existem-tres-tipos-de-relogios-do-sol-na-ufsm (para a UFSM); Jorge Freitas Branco (antropólogo que contou a história da enxada-que-é-relógio-de-Sol)
Fotografias: Eva Blum (Seixal, 30 de Dezembro de 2022) e Pedro Esteves (Frankfurt am Main, 8 de Abril de 2008)
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