Muitos dos que já assistiram a concursos televisivos se lembrarão de ver um tabuleiro, colocado verticalmente ou com uma pequena inclinação, guarnecido na sua parte central com um conjunto de pinos dispostos triangularmente. Chegado o momento de ser usado, eram-lhe introduzidas sucessivas bolas no topo; e estas, ao caírem, desviavam-se ou para a esquerda ou para a direita ao embaterem nos pinos, até que se alojavam num dos receptáculos dispostos ao longo da base:
Um tabuleiro assim chama-se Tabuleiro de Galton.
A construção destes tabuleiros deve assegurar que as bolas têm a mesma probabilidade de se desviarem para um ou outro lado de cada pino ao embaterem nele. Sendo assim, a proporção teórica das bolas que passarão nos sucessivos níveis de pinos é a seguinte:
Por exemplo no 4ª nível, a proporção teórica, para cada 8
bolas lançadas, é de 1 bola nos dois intervalos extremos e de 3 bolas em cada
um dos intervalos centrais.
Este triângulo de números, encaixado no interior do triângulo de pinos, é
chamado Triângulo
de Pascal. E os números de cada nível correspondem aos coeficientes
do desenvolvimento do chamado Binómio de Newton, (a + b) n,
correspondendo o 1º nível a n = 0, o 2º nível a n = 1, e assim sucessivamente.
Francis Galton
(1822 - 1911), o inventor deste tabuleiro, juntou num só instrumento manipulável
as contribuições de dois matemáticos de peso. E, através dele, exemplificou
aquilo a que hoje se chama, em Estatística, uma distribuição binomial.
Lembrei-me deste tabuleiro quando passeava numa praia ao longo da maré baixa. A água tinha escorrido devagar, em direcção ao mar, e formara o padrão que se vê nesta fotografia:
Podemos imaginar que existem pinos dispostos triangularmente. Mas observamos que não há uma maior acumulação de «bolas» no «centro» da chegada. É que neste «tabuleiro» as «bolas» não descem a partir de um só ponto, mas de todos os pontos de um topo tão longo quanto a linha chegada. A distribuição estatística das gotas de água que deslizam para o mar é, portanto, uniforme.
Fonte: livro
de Cundy & Rollet (1989; pp. 217-219)
Fotografia: Eva
Maria Blum
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