Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII esta trilogia de princípios foi sendo apurada no seio do pensamento europeu. Em 1780, no outro lado do Atlântico, a Constituição do Estado de Massachusetts adoptou dois deles, a Liberdade e a Igualdade, e em 1789, em pleno início da Revolução Francesa, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão fez o mesmo: o seu primeiro artigo postula que “Os homens nascem e vivem livres e iguais em direitos”.
Nos últimos anos do século XVIII os três princípios foram por diversas vezes
juntos e propostos como divisa nacional francesa, mas só com a Constituição de
1848 eles foram oficialmente adoptados.
Perto do final do século XIX, com a comemoração do centenário da Revolução Francesa,
foi decidido que os três princípios, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, passaria a ser declarados em todos os edifícios públicos:
Também a República Haitiana, uma
ex-colónia francesa, adoptou estes mesmos princípios através da sua Constituição
de 1987.
A génese das ideias que levaram a que a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade
fossem popularmente adoptadas não pode descansar na sua adopção oficial. É
notório, hoje, o conflito entre quem, genericamente, adopta estes princípios
(ou outros semelhantes) e os que, com o seu poder ou a sua ignorância, os procuram
sabotar.
São particularmente preocupantes afirmações como a que Elon Musk fez
recentemente: “A fraqueza fundamental da civilização ocidental é a empatia.” Terá sido para combater o crescimento
de visões como esta, profundamente egoistas, que o Papa Francisco escreveu, em
2020, a encíclica Fratelli Tutti («Todos Irmãos»), com ela nos exortando
à Fraternidade.
E são particularmente preocupantes as constatações como as do académico israelita,
Ori Goldberg, que interpretou deste modo o sentimento dominante no seu país em
relação ao Próximo Oriente (e ao mundo): “Achamos que devemos ser separados porque somos superiores,
porque o mundo nos deve algo, porque devemos poder fazer o que quisermos”; “somos feitos de
fogo sagrado”, pelo
que “se
alguém se aproximar, tem de morrer.”
O repúdio popular internacional (e não tão fortemente o repúdio oficial) por
esta filosofia nacionalista mostra que a Liberdade, sem a Igualdade e a
Fraternidade, pode ser profundamente perversa.
Fonte: Wikipédia (língua francesa),
para a imagem e para a história dos três princípios; artigo de António
Rodrigues no jornal «Público» de 17 de Setembro de 2025, para a citação de Ori
Goldberg
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