O jardim tem dois lagos. E num dos lagos existem sete pontes …
O jardim tem bancos. E incrustados nalguns desses bancos existem tabuleiros para jogar …
O jardim tem uma longa via para peões e ciclistas. E incrustadas nessa via estão histórias …
O jardim também tem
plantas, claro. E aves que o visitam; e que talvez lá morem …
Trata-se do Jardim
do Campo Grande, em Lisboa.
Começando pelas histórias.
A via para peões e ciclistas tem cerca de mil e quatrocentos metros (estimativa
feita a partir das imagens do Google Maps).
E as histórias que lá são recordadas dizem respeito aos últimos quatro mil anos
da História da Matemática. Como essas histórias devem ter sido incrustadas na
via de acordo com uma escala, a cada 100 metros de via corresponderão cerca de
300 anos de histórias.
Depois passando pelos jogos.
Há tabuleiros para o Alquerque e o Hex (ver regras nas mensagem «0159» e
«0268», respectivamente) e para o Moinho e o Ouri (as suas regras surgirão em
próximas mensagens).
E, por fim, chegando às pontes.
Não se tratam de quaisquer pontes. Elas pretendem lembrar as sete pontes através
das quais a cidade de Königsberg resolvia, no século XVIII, o atravessamento do
rio Pregel, utilizando para tal as duas grandes ilhas que nele se situavam:
![]() |
As sete pontes de Königsberg |
Durante muito tempo os habitantes da cidade discutiram se
seria possível atravessar as sete pontes, numa única caminhada, sem usar duas
vezes a mesma ponte.
Mas foi só em 1736 que este problema foi resolvido, pela negativa: Leonhard
Euler (1707 – 1783) construiu um «grafo» em que as sete pontes foram
representadas por «arestas» e as quatro regiões que elas ligavam por
«vértices», concluindo que, para haver uma solução pela positiva, o grafo só
poderia ter, no máximo, 2 vértices com um número ímpar de arestas, sendo um o
vértice de partida e o outro o vértice de chegada.
![]() |
As quatro regiões e as sete pontes: o grafo |
Com esta solução, Euler estabeleceu os primeiros fundamentos da Topologia.
Fonte: livros
de Pappas (1989, pp. 124-125; 1991, p. 184)
Fotografias:
Pedro Esteves (em Novembro de 2021)
Primeira imagem:
Wikipédia
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