Na mensagem «0080» foram genericamente apresentados os dezassete Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que as Nações Unidas propuseram aos governos e aos cidadãos do mundo cumprir entre 2015 e 2030.
Neste blogue, estes objectivos foram genericamente
apresentados na mensagem «0080», tendo os primeiros sido descritos e comentados
nas mensagens «0154», «0196» e «0206» (erradicar a
pobreza), «0157» (erradicar a fome),
«0169» (saúde de qualidade), «0176» (educação de
qualidade) e «0178» (igualdade de género).
O 6º desses objectivos é:
Em https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel ele foi-nos apresentado assim:
Objetivo
6: Água potável e saneamento
Até
2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água potável e segura para
todos.
Até
2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos,
e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as
necessidades das mulheres e meninas e daqueles que estão em situação de
vulnerabilidade.
Até
2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e
minimizando a libertação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo
para metade a proporção de águas residuais não-tratadas e aumentando
substancialmente a reciclagem e a reutilização, a nível global.
Até
2030, aumentar substancialmente a eficiência no uso da água em todos os setores
e assegurar extrações sustentáveis e o abastecimento de água doce para
enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas
que sofrem com a escassez de água.
Até
2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis,
inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado.
Até
2020, proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo
montanhas, florestas, zonas húmidas, rios, aquíferos e lagos.
Até
2030, ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países
em desenvolvimento em atividades e programas relacionados à água e saneamento,
incluindo extração de água, dessalinização, eficiência no uso da água,
tratamento de efluentes, reciclagem e tecnologias de reutilização.
Apoiar
e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da
água e do saneamento.
Em 1992 mais de 1 700 cientistas de todo o mundo assinaram um artigo com o título Alerta dos Cientistas do Mundo à Humanidade, publicado pela revista da organização Union of Concerned Scientists (Associação dos Cientistas Preocupados). Eles afirmaram, em síntese, que “Os seres humanos e o mundo natural estão em colisão. As actividades humanas causam danos severos e, por vezes, irreversíveis no ambiente e nos recursos”. Entre os danos que apontaram encontravam-se os danos nos recursos hídricos.
Em 2017, cerca de 15 mil cientistas, de 184 países, publicaram um novo artigo, na revista BioScience, em que retomam o aviso feito vinte e cinco anos antes sobre os danos ambientais, “irreversíveis” e “substanciais”. A evolução dos danos, desde 1992, é assim resumida nesse artigo (intitulado Cientistas do Mundo Alertam a Humanidade: Um Segundo Aviso): uma redução de 26% na quantidade de água doce disponível per capita; uma queda na captura de peixe selvagem, apesar do crescimento do esforço de pesca; um aumento de 75% do número de zonas mortas nos oceanos; uma perda de 121 milhões de hectares de floresta, muitos convertidos para a agricultura; um aumento contínuo e significativo nas emissões globais de CO2 e nas temperaturas médias do planeta; um aumento de 35% da população humana; e uma redução de 29% nos mamíferos, répteis, anfíbios, aves e peixes.
“Além disso”, acrescentam os autores, “desencadeámos uma extinção em massa, a sexta em cerca de 540 milhões de anos, em que muitas formas de vida actuais podem ser aniquiladas ou condenadas à extinção até ao final do século.”
Dois dos signatários deste aviso, a bióloga Helena
Freitas, da Universidade de Coimbra, e o climatólogo Ricardo Trigo, da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, apontaram os aspectos que mais
os preocupam em Portugal. Para Helena Freitas, é a sustentabilidade dos rios. “Penso que não
estamos a cuidá-los. É um dos aspectos mais críticos, até porque, não tendo
qualidade de água, não só não teremos acesso à água como há implicações ao nível
das práticas agrícolas.” E para Ricardo
Trigo: “Estamos numa zona semiárida do
Mediterrâneo, onde a tendência para secas e ondas de calor é gritante. Uma das
razões de ser tão difícil controlar os incêndios florestais em Portugal ou na
Califórnia é a grande probabilidade de secas e de ondas de calor.” Directa ou indirectamente, ambos referiram problemas
com os nossos recursos hídricos.
Fonte: artigo jornalístico de Serafim (2017 b)