sábado, 22 de setembro de 2018

[0142] Mais um motivo azulejar do Palácio da Vila, em Sintra


O quarto de D. João I no Palácio da Vila, em Sintra (ver mensagem «0141»), não estava revestido, no início do século XV, com os azulejos que actualmente nele podemos apreciar:


Estes azulejos foram aí colocados em meados do século XVI, contribuindo para que o quarto de D. João I seja hoje chamado Sala Árabe.

A impressão de uma escada infinita que estes azulejos nos proporcionam é-nos dada não por um tipo, mas três tipos de azulejos, um quadrado (verde) e dois paralelogramos (um azul, outro branco):


É o modo como estes três tipos de azulejos sugerem sucessivos paralelepípedos em perspectiva, tal como degraus, que nos provoca a impressão de estarmos perante uma escada infinita.

A classificação do padrão formado por estes azulejos de acordo com o organigrama da mensagem «0123» conduz às seguintes respostas: não há centros de rotação; não há simetrias axiais; e não há simetrias deslizantes. O padrão correspondente é o p1.

Fonte histórica: Ferro (2015; pp. 38-39)
Fotografias: Eva Maria Blum


terça-feira, 18 de setembro de 2018

[0141] O motivo pé-de-galo nos azulejos


No início do século XV, D. João I passava algumas temporadas em Sintra. Os seus aposentos no Palácio da Vila (também chamado, hoje, Palácio Nacional de Sintra) situavam-se em volta de um pátio interior, quadrangular, onde se ouvia correr a água e se estava rodeado por azulejos como estes:


A pintura destes azulejos recorreu à técnica da corda-seca, de modo a evitar que as diferentes cores se misturassem. E o seu motivo é designado por pé-de-galo, embora ele não esteja representado em cada azulejo - no caso deste painel, o pé-de-galo foi formado pelo modo como os azulejos foram emparelhados horizontalmente (destaque, a vermelho, de um desses pares):


Há no entanto um segredo na construção deste pé-de-galo: se apenas tivermos cópias do azulejo da esquerda, não conseguimos rodá-las no plano de modo a obter a figura proporcionada pelo azulejo da direita; ela só poderia surgir se tivéssemos um azulejo da esquerda transparente e o virássemos do avesso (a parte de trás para a frente).
Então, para formar um painel com o motivo pé-de-galo são necessários dois tipos de azulejo, uns correspondentes ao azulejo da esquerda e outros ao azulejo da direita.

Os azulejos pé-de-galo entre os quais D. João I passeava junto aos seus aposentos no Palácio da Vila formavam então painéis que possuíam as seguintes propriedades geométricas:


  • duas famílias de espelhos, uma horizontal e outra vertical (a vermelho);
  • uma família de espelhos verticais, com deslizamento (a azul), pois após a reflexão é necessário proceder a uma translação;
  • três famílias de centros de rotação de 180º (a rosa).

Classificando matematicamente este painel (supostamente infinito), de acordo com o organigrama da mensagem «0123», ele é do tipo cmm.

Fonte histórica: Ferro (2015; p. 17)
Fotografia: Eva Maria Blum
Desenhos: Pedro Esteves

sábado, 8 de setembro de 2018

[0140] Dois frisos sobre os quais caminhamos, em Estremoz


Estremoz é uma cidade construída com a pedra que existe debaixo dos seus pés. A Torre de Menagem, erguida na transição do século XIII para o século XV, é toda ela de Mármore:


E, hoje, caminhamos sobre calçadas que não são de Calcário, como em Lisboa, pois foram calcetadas quase exclusivamente com os desperdícios de outras utilizações mais caras do Mármore, em branco, negro e até laranja:

 

Estas duas calçadas, situadas na praça central (o Rossio) são exemplos dos frisos da Matemática. Um deles possui um espelho longitudinal e duas famílias de espelhos verticais e o outro apenas possui duas famílias de espelhos verticais:


Fotografias: Eva Maria Blum